A Bola da Vida

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preguiça, meu quarto é uma bagunça, minha vida é uma bagunça, minhas ... caramba, e me criticava pra caramba também, e aquela vaca ria da minha cara.
A Bola da Vida Essa talvez seja a história mais louca que vocês já viram, mas eu acho que vão achar interessante. Meu nome é Jeniffer, mas pode me chamar de Jane, é assim que as minhas três amigas me chamam, elas são Maria, a meiga, Sofia a nervosa, e a Nina é relax, a menos que você a chame pelo nome verdadeiro, que se eu contasse ela me mataria, então fica só Nina mesmo. Bom, eu tenho 16 anos... tá bom 15, é porque quando eu falo 16 pareço mais madura, estou no 2º ano do ensino médio, eu moro em Descoberto desde que nasci. A minha maior qualidade é ser determinada, o meu perfil é ser meio apaixonada...tá bom, muito apaixonada, meus defeitos são inúmeros, mas o que eu mais gosto é a preguiça, meu quarto é uma bagunça, minha vida é uma bagunça, minhas notas são um dilema. Praticar esportes? Ah, fala sério, tipo assim NEM PENSAR, pelo menos enquanto eu puder evitar eu não tenho muito tempo para essas coisas, gasto todo o meu tempo - e se precisar até faço hora extra, pensando no meu Marco Amore... Na verdade,“Amore”não é exatamente o sobrenome dele, é só porque ele é meu “amore” mesmo. Claro que é um amor platônico, ele é tipo O Cara Perfeito, é mais que lindo, todas as garotas da escola querem ficar com ele, principalmente a Helena, leninha para os interessados, e lesminha para pessoas que, como eu, detestam patricinhas fúteis e convencidas que adoram tornar nossa vida um inferno e querem tomar nosso príncipe encantado. O Marco nunca me deu importância, teve até uma vez que eu tentei falar “Oi”, mas aí ele achou que a parede tinha falado com ele. Ele é alto, com cabelos pretos, aqueles olhos claros, aquela pele macia... parei de viajar, agora eu: pequena, estranha... paro no estranha também, resumindo - normal, um pouco diferente, mas normal. A escola resolveu participar do campeonato, nada importante para mim, até porque era FUTEBOL (credo!), mas havia uma lista para quem quizesse participar, haviam categorias separadas por idade, na categoria da minha idade adivinha qual nome estava? MARCO, daí eu tive uma idéia, já que eu não conseguia conquistar o Marco com os meus dotes naturais, podia conquistá-lo usando a coisa que ele ia prestar atenção em mim, era um passo, ou melhor alguns chutes pra gente ficar junto, e tipo assim: era o plano perfeito. Mas tem um probleminha: como é que uma pessoa sedentária como eu ia ficar craque em futebol, total impossível, fala sério, eu amo a minha preguiça, eu adoro ficar um tempão deitada sem fazer nada, só sonhar. Como é que eu vou largar essa mordomia pra passar um tempão treinando,

suada, gastando energia, correndo atrás de uma bola? E o pior: como fazer isso? O resultado foram muitas noites sem sono a procura de uma resposta que tornasse meu plano “infalível” , se tudo desse certo eu ia ser eu a melhor no futebol feminino e ele no futebol masculino. A resposta veio um dia conversando com Dan, o nome na real é Daniel mas chamo ele de Dan, ele é um dos meus poucos amigos homens, na verdade o único amigo, isso quer dizer que eu só podia contar com ele. Ele me contou que ele jogava muito futebol mas o time da escola estava completo. OPA, ele sabia futebol e eu precisava aprender, então ele podia me ensinar a jogar futebol. O bom é que o Dan aceitou, ele era um cara muito legal, as meninas diziam que ele gostava de mim, mas eu gostava do Marco, então nem pensava nisso. Os treinos seriam toda tarde na quadra da escola, já que eu estudava de manhã. Os primeiros, que desastre!, eu nem conseguia chutar a bola, na verdade eu pisava na bola, e quando conseguia, ou chutava forte demais ou muito fraco, levei tantos tombos que podiam entrar pro livro dos recordes, levei bolada na cara, fiquei roxa, entre outras coisas que aconteceram que eu prefiro nem comentar. Para complicar mais a minha situação, os treinos do time da escola também começaram, aí eu treinava duas vezes por dia, e adivinha quem estava no time também? A lesminha, ela tava pagando um cara profissional para ajudar ela, que idiota, ela não entendia nada de futebol, o quê ela tava pensando, fala sério!... A Nina me contou, Sofia até me deu uma força, disse que eu era boa, isso porque ela nunca me viu treinando, Maria disse que eu podia ser melhor que ela, o que seria de mim sem as minhas amigas. Agora virou duas competições: dentro dos campos e entre eu e a lesminha, porque ela também queria o Marco. O pior é que aquela lesma jogava bem mesmo, o treinador elogiava ela pra caramba, e me criticava pra caramba também, e aquela vaca ria da minha cara.Se eu quizesse vencer ia ter que treinar muito. Comecei a me esforçar mais, porque se a gente quer vencer ou conquistar um gatinho, tem que dar o melhor de si. Os treinos eram duros, eu pulava, rodava, corria, chutava, caía, tropeçava, chorava, esperneava e até pensava em desistir, aí eu pensava no Marco e tudo me fazia crer que eu podia conseguir. Com o tempo eu fui melhorando, fui aprendendo técnicas e pegando as manhas, o Dan tinha muitos truques na manga, com mais um pouco de tempo foi ficando divertido e eu já nem ligava para os tombos, na verdade eu e o Dan caíamos na risada, ele é tão especial! O treinador do time da escola começou a me elogiar, ele dizia que meu futebol tinha arte, dá pra acreditar? Um dia, o Marco foi assistir o treino, ele olhou pra mim, finalmente ele reparou em mim, foi o máximo, melhor ainda foi ver a cara da lesminha, emocionante. O Marco veio falar comigo e a gente conversou sobre muitas coisas, na

verdade foi só sobre futebol, ele disse que se no campeonato a gente ganhasse podia ficar junto. O Dan, que também assistia os meus treinos, ficou meio chateado, eu percebi, as minhas amigas também, porque eu só andava com o Marco e deixava elas de lado, Maria achava que eu não devia dar tanta importância pra ele, Sofia achava que eu não tava nem aí pra ela, e ela não tava pra mim, a Nina nem ligava. Comecei a sentir falta delas, o Marco só falava de futebol e eu queria falar de roupas, sapatos e até da Lady Gaga. E para piorar, esqueci de ir na pizzaria que a gente tinha marcado, foi o fim para meus amigos, o Dan nem me treinava mais, treinava só na escola. No dia do campeonato tentei falar com eles, não adiantou, mas pelo menos eles foram lá me ver. Na hora do meu jogo foi duro, o outro time era muito forte, haviam muitas faltas, em uma delas a lesminha se machucou e não pode mais jogar, ai eu peguei a bola fui driblando os adversários, quando eu cheguei na cara do gol - penalte, era a minha chance, e eu errei o penalte, mas o jogo continuou, a lesminha melhorou e voltou a jogar, ela me deu um passe dentro da área e eu fiz um gol, GANHAMOS! O Marco veio falar comigo, ele também tinha ganhado, então ele disse que podíamos ficar juntos, eu me virei pra ele e percebi que eu podia até ter ganhado um campeonato e ele, mas perdi as coisas mais importantes da minha vida, os amigos, eu só estava ali por que o Dan me ensinou futebol, tomei coragem e disse pro Marco que ele só queria ficar comigo porque venci, pra mim não importava se eu cheguei até ali, mas sim como, e eu não conseguiria sem a ajuda dos meus amigos, pois eles sim são importantes, não uma vitória. Eu vi que eu gostava do Dan, porque quando eu o perdi senti muita falta dele, ele gostaria de mim mesmo se eu fosse uma fracassada. Fizemos as pazes, amigos para sempre, quer dizer amigas. Nina, Maria e Sofia porque o Dan era namorado. Continuei me dedicando ao futebol, que me trouxe muitas alegrias. O Marco ficou com a Lesminha, tá bom, Leninha, ele é quem deve achá-la uma lesminha agora, eu falei que ela era o terror. As vezes, as melhores coisas estão bem ao nosso lado, e tem coisas que você deixa de fazer que poderiam mudar sua vida!