A IMPORTANCIA DA PRESERVACAO DO PATRIMONIO ...

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que tem a ver com a nossa história, nossa memória. ... herança. É aquilo que passa de geração para geração. Essa noção vem da tradição romana e é muito.
Revista Brasileira de Arqueometria, Restauração e Conservação - ARC - Vol. 3 - Edição Especial Copyright © 2011 AERPA Editora o Curso de Introdução a Conservação e Restauro de Acervos Documentais - CICRAD- Trabalhos de fim de Curso Convênio AERPA - CFDD do Ministério da Justiça - n 748319/2010

A IMPORTÂNCIA DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL: OS MUSEUS E AS ESCOLAS Tatiana Silva Gomes Educação de Jovens e Adultos - Prefeitura Municipal de Nova Lima / MG

Introdução A importância do patrimônio cultural é algo vivo que exige articulações sobre as reflexões educativas, que tem a ver com a nossa história, nossa memória. O conceito de patrimônio é muito antigo e sofreu mudanças de significados no decorrer do tempo. O patrimônio nasce de uma idéia de pátria, pai, herança. É aquilo que passa de geração para geração. Essa noção vem da tradição romana e é muito recente a noção de que o patrimônio é uma idéia pública. Patrimônio cultural de um povo compreende as obras de seus artistas, arquitetos, músicos, escritores e sábios, assim como as criações anônimas surgidas da alma popular e o conjunto de valores que dão sentido à vida. O patrimônio cultural pode ser preservado mediante um conjunto de ações que garantam a sua permanência com os seus diversos valores e significados artísticos, paisagísticos, científicos, históricos e / ou simbólicos na vida de uma comunidade de um determinado lugar. O ideal é que a preservação do patrimônio cultural seja preventiva, antecipando as ações de degradação causadas pelas condições ambientais ou pelos interesses contrários à sua manutenção. Quando não for possível exercer a conservação preventiva o patrimônio cultural deve ser restaurado, devolvendo da maneira mais exata possível a sua forma e condição original. Os museus tem a intenção de promover a educação patrimonial através de seus acervos. Tanto os museus de objetos representativos da cultura materiais e os espaços naturais (museus abertos) visam um programa educativo para receber grupos escolares. Segundo ICOM (Conselho Internacional de Museus) Museu: Uma instituição a serviço da sociedade que adquire, conserva, comunica e expõe bens representativos da natureza e do homem. Um conceito mais recente: Uma instituição que tem a finalidade de desenvolver conhecimentos, de salvaguardar a memória e de promover a educação e a cultura dos cidadãos. Materiais e Métodos O conhecimento acerca da preservação do patrimônio cultural deve estreitar relações entre “arte escolar” e “Arte” e romper com o ensino da arte como mera transmissão de técnicas ou como momento de lazer e livre expressão para privilegiar a contemplação, o pensamento, o questionamento, a reflexão e o diálogo. Diante disso, ressignificar a prática pedagógica convidando o aluno a atuar como produtor de sentido e gerador de mudanças em sua vida e em sua comunidade é fundamental.

A escola, a comunidade e o Poder Público deve preservar o patrimônio cultural por meio de registros, inventários, tombamento, educação patrimonial e conservação. Os espaços expositivos e as escolas podem se aproximar ao incluir a educação dos sentidos entre as suas finalidades educativas. A leitura de obras de arte, assim como das diferentes produções, expressões e referências que constituem o patrimônio cultural onde vivemos ou daqueles que acessamos por meio midiáticos e eletrônicos, depende não só do desenvolvimento de nossas capacidades intelectuais/cognitivas, mas igualmente do desenvolvimento da capacidade perceptiva por meio dos nossos sentidos. Antes da visita com os alunos em locais expositivos, o professor deve conhecer olocal para que possa explorar toda potencialidade que a visita pode ter, e pensar numa preparação que estimule a visita. Durante a visita cabe ao professor verificar o que está chamando a atenção dos alunos durante a contemplação daquilo que está exposto deixando fluir o olhar e até mesmo quando possível, interagir. As indagações e inquietações devem ser bem vindas para que os alunos possam fazer leituras sobre o que está exposto, aguçando o olhar. Para que a visita se torne significativa, o professor deve levar para a sala de aula após a visita, as interpretações, as curiosidades dos alunos para dar um aprofundamento no que foi visto durante a exposição. Assim, cultivar o gosto pela preservação e conservação do patrimônio cultural e para ter vontade de visitar outros espaços expositivos. Resultados O ensino de arte nas escolas e os setores educativos em museus e instituições, visam uma parceria para a educação patrimonial; convidando os alunos para um olhar sobre o patrimônio cultural que, na maioria das vezes não tem acesso a esses espaços. As abordagens apresentadas em diante, parte de reflexões da minha experiência como professora de Artes na EJA (Educação de Jovens e Adultos) nas escolas municipais Cristiano Machado situada na região central, Benvinda Pinto Rocha situada no Bairro Jardim Canadá, nas quais leciono desde 2006 e na Florie Wanderley Dias situada no Bairro Cabeceiras, onde lecionei de 2006 a 2008.Todas localizadas na cidade Nova Lima / MG. Antes de acompanhar os alunos as visitas, conheci os locais de exposição. Desta forma elaborei projetos para as escolas onde continham objetivos, justificativas, metodologia e o fazer artístico em sala de aula após a visita.

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Os espaços expositivos na maioria das vezes contam com uma equipe capacitada para receber o público escolar. São os educadores que nos recebem para a mediação com a obra.

Em sala de aula, levei algumas reproduções de obras de arte da artista Tarsila do Amaral que estavam expostas e propusemos o fazer artístico. Os alunos fizeram releituras das reproduções das obras de arte . Muitos com os olhares aguçados após a visita, já reconheciam as cores e formas utilizadas pela artista.

Fig.1 Visita a exposição “Tarsila e o Brasil dos Modernistas” na Casa Fiat de Cultura. Alunos da E.M. Cristiano Machado – EJA – Nova Lima / MG – 2011 Na visita a exposição “Tarsila e o Brasil dos Modernistas” os alunos puderam conhecer e apreciar obras modernistas de artistas como Di Cavalcanti, Portinari, Tarsila do Amaral dentre outros. Alguns dos alunos relataram que era a primeira vez que visitava uma exposição de obras de arte. É essencial o conhecimento sobre as diversas técnicas, cores, formas utilizadas pelos artistas antes ou após a visita. A contemplação diante da obra e o fazer artístico após a visita são fundamentais.

Fig.3 Pintura feita por aluna da E.M. Cristiano Machado (EJA) na aula de Artes após visitar a exposição “Tarsila e o Brasil dos Modernistas” Usamos tintas guache nas cores primárias (azul, amarelo, vermelho) e neutras (preto e branco) que foram misturadas para encontrarmos as demais cores. Na Fig.3 misturamos o azul e o amarelo, então encontramos este lindo verde para pintar as folhas desenhadas. O suporte usado foi a cartolina depois de termos experimentado outros suportes para a pintura.

Fig.2 Manacá – Tarsila do Amaral, óleo s/ tela

Fig.4 Tarde de São João – Alberto da Veiga Guignard, Óleo s/ madeira

Esta obra de arte exposta na exposição “Tarsila e o Brasil dos Modernistas” na Casa Fiat de Cultura foi uma das que mais chamou atenção dos alunos.

Esta obra de arte, chamou muita atenção dos alunos da E.M. Benvinda Pinto Rocha que também visitaram a exposição “Tarsila e o Brasil dos Modernistas”.

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Os alunos ficaram maravilhados ao observarem as cores fortes, as montanhas, os balões, as Igrejas;enfim a mineiridade representada pelo artista Guignard.

jovens puderam conhecer os objetos utilizados no passado para o trabalho.

Fig.5 Pintura feita pelos alunos da E. M. Benvinda Pinto Rocha (EJA) na aula de Artes após visitar a exposição “Tarsila e o Brasil dos Modernistas”

Fig.7 Visita ao Museu de Artes e Ofícios – Belo

Na aula de artes os alunos fizeram Releituras da Imagem a partir de uma reprodução da obra “Tarde de São João”. Ficou impregnada na memória dos alunos toda a mineiridade que o artista transmitiu naquela obra.

Fig.6 Estandarte feito pelos alunos na aula de Artes para decorar a festa junina da escola. As releituras da imagem “Tarde de São João” foram expostas na escola sobre estandartes para decorar a festa junina da E.M. Benvinda Pinto Rocha (EJA) Nova Lima / MG. A interação da obra com o cotidiano prevaleceu na criação dos alunos. A visita ao Museu de Artes e Ofícios foi uma visita muito importante para os alunos da Educação de Jovens e Adultos. Os adultos voltaram no tempo e os mais

Horizonte. Alunos da E.M. Cristiano Machado da Educação de Jovens e Adultos em Nova Lima / MG – 2010

O Museu de Artes e Ofícios situado no prédio da antiga Estação Ferroviária de Belo Horizonte expõe mais de 2.000 objetos utilizados para o trabalho no período pré - industrial do Brasil.

Fig.8 Esculturas feitas pelos alunos na aula de Artes (Objetos da memória) Em sala de aula continuamos a lembrar desses objetos criando esculturas de argila que representam a memória. Objetos simples, mas de muito valor, pois contavam sobre os nossos sonhos e a história de nossas vidas. Na visita a exposição Amilcar de Castro, os alunos puderam conhecer desenhos e esculturas feitas pelo artista, além de conhecer um espaço expositivo que depois poderiam levar suas famílias para conhecer também.

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Conclusões O trabalho visa contribuir para a reflexão sobre a preservação do patrimônio cultural e a prática de arte em sala de aula, após visitas com alunos em espaços expositivos. Somos responsáveis pelo patrimônio cultural e devemos cuidar, preservando para as gerações futuras. Se cada um fizer sua parte, preservando e não agredindo o patrimônio cultural, estaremos preservando a nossa cultura, nossa memória. Aguçar o olhar através da contemplação, da criação e do conhecimento buscando sensibilização para preservar conservar o patrimônio cultural. Fig.9 Visita a exposição Amilcar de Castro na Casa Fiat de Cultura – Belo Horizonte / MG. Alunos da E.M. Florie Wanderley Dias – EJA – Nova Lima / MG – 2008

Percebemos além do ferro... volume, cor, espaço, sombras, desenhos que se formavam através das sombras.

Referências (1) Escola e Museus: diálogos e práticas. Júnia Sales Pereira, eat. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Cultura, Superintendência de Museus, Pontifícia Universidade Católica de Minas gerais, Cefor, 2007. (2) A educação como Cultura. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Editora Brasiliense, 2ª Ed.São Paulo – SP, 1986 (3) FERRAZ, Maria Heloísa; FUSARI, Maria F. de Rezende. Metodologia do Ensino de Arte. 2ª Ed. São Paulo: Cortez, 1999. (4) Bessa, Altamiro; eat. Preservação do Patrimônio Cultural: nossas casas e cidades, uma herança para o futuro.Belo Horizonte: Crea – MG, 2004. (5) www.cefor.pucminas.br (DVD Museu e Escola – Parceria: LEME /FAE/UFMG

Fig.10 Pinturas feitas pelos alunos da E.M. Florie Wanderley Dias na aula de Artes após visitar a exposição Amilcar de Castro – 2008 Na aula de artes os alunos experimentaram a técnica utilizada pelo artista Amilcar de Castro, que utilizava para criação de suas obras moldes de formas geométricas e muitas vezes a vassoura que servia de pincél.

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