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EMPRESAS TRANSNACIONAIS EO ... - SciELO › publication › fulltext › Present-int... › publication › fulltext › Present-int...by F Chesnais · ‎2013 · ‎Cited by 26 · ‎Related articlesNos seus trabalhos posteriores mais conhecidos, Chesnais enfatiza a ... atra
fessor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Contato: [email protected].

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Rev. Econ. Contemp., Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, p. 365-375, set-dez/2013 365

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Rev. Econ. Contemp., Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, p. 365-422, set-dez/2013

Estas empresas também dominam a produção global de tecnologia e são responsáveis pela grande maioria dos gastos privados em pesquisa e desenvolvimento (P&D). De acordo com informações do EUROSTAT da União Europeia, as maiores 1.500 ETN foram responsáveis por aproximadamente 90% dos gastos globais em P&D em 2012 (European Union, 2013). Suas atividades tecnológicas estão fortemente concentradas nos países-sede. Por exemplo, os gastos em P&D das subsidiárias das ETN norte-americanas correspondiam, em 2007, a apenas 17% daquelas das matrizes; a maior parte destes gastos das subsidiárias eram realizados em outras nações desenvolvidas (UNCTAD, 2008). No âmbito da globalização dominada pelas finanças, a compreensão do papel e estratégias de desenvolvimento tecnológico das ETN adquire maior importância tendo em vista a ênfase dada pelas políticas de desenvolvimento produtivo e de inovação ao papel supostamente virtuoso destas empresas no desenvolvimento dos sistemas nacionais de inovação. Novas articulações entre capital financeiro e capital produtivo têm afetado mais ainda a dinâmica organizacional das grandes ETN, o que sem dúvida traz impactos significativos às suas estratégias. Embora François Chesnais tenha se constituído um importante analista desses fenômenos, a literatura de origem anglo-saxã que trata das ETN tem se mostrado imune ao tipo de discussão por ele proposto, que evidentemente parte de uma abordagem de economia política. Stephen Hymer (1960) foi o primeiro autor que tentou compreender as razões pelas quais empresas buscam internacionalizar a produção. A partir de um uso não convencional das teorias neoclássicas de organização industrial – especialmente a discussão sobre barreiras à entrada - e de economia internacional ele sugeriu que as ETN que desejassem produzir em qualquer país deveriam possuir alguns ativos específicos capazes de superar as vantagens naturais de empresas nacionais: poder de mercado, tamanho e economias de escala, capacidade tecnológica e acesso a fontes de financiamento mais barato. A contribuição do Hymer foi seminal na medida em que enfatizava a importância de imperfeições do mercado enquanto estímulo à internacionalização da produção. Seus trabalhos posteriores contribuíram significativamente para a compreensão das transnacionais, do ponto de vista da economia política (Hymer e Rothworn, 1970). Em particular, ele ressaltou (i) o poder oligopolístico das ETN; (ii) que uma nova estrutura produtiva em nível mundial estava surgindo, sublinhando uma nova divisão internacional do trabalho dominada por algo entre 300 e 500 grandes ETN; (iii) que o poder efetivo de Estados-Nação para controlar suas economias estava sendo corroído dada a flexibilidade das ETN para reagir a regulamentações adversas e políticas fiscais ou monetárias (Presser, 1981). Ele também introduziu na década de 1960 alguns dos

Chesnais, F. Present international patterns of foreign direct investment: underlying causes and some policy implications for Brasil

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elementos que ainda prevalecem hoje em dia em qualquer avaliação de ETN, ou seja, a crescente interdependência de capitais de diferentes fontes no controle acionário das ETN e o conflito dessas empresas com os Estados-Nação. A maior parte do esforço acadêmico posterior, infelizmente, deixou de lado a economia política das ETN e o debate sobre estas empresas evoluiu com um entendimento implícito de que elas são, essencialmente, um tipo específico de empresa que poderia ser tratada metodologicamente dentro dos limites tradicionais da teoria neo-­ clássica da firma. Vernon (1966) e os trabalhos da Escola de Reading foram os expoentes desta visão, marcando significativamente o debate acadêmico e normativo sobre o assunto. Numa tentativa de elucidar como a produção internacional tendia a ocorrer, Vernon (1966), através do conceito de ciclo de vida do produto, introduziu uma dimensão locacional, explicando que com o passar do tempo – e considerando-se a expansão do mercado global – as grandes empresas norte-americanas estabeleciam atividades produtivas no exterior ou para diminuir custos de produção e/ou distribuição, ou tendo em vista uma ameaça à sua posição competitiva. Em particular, Vernon enfatizou o caráter adaptativo dos esforços tecnológicos locais. Com relação à Escola de Reading, Dunning (1977) tentou integrar vários argumentos para criar sua teoria eclética da produção internacional a partir das teorias neoclássicas da firma, da organização industrial, do comércio internacional e da teoria locacional. Sua abordagem tenta explicar “por que, onde e quando” ocorre a produção internacional através da análise de três grupos de vantagens: as de propriedade (aquelas específicas a uma empresa particular), as locacionais (aquelas específicas a um determinado país que o tornam atrativo aos investidores