Page 1 Page 2 Page 3 Page 4 Page 5 02 1983 2005 2007 Page 6

3 downloads 0 Views 13MB Size Report
Page 1. Page 2. Page 3. Page 4. Page 5. 02. 1983. 2005. 2007. Page 6. Page 7. Page 8. A=レー V。 Page 9. T,. (inf. = 0.005. Y = 0.01. 4y = 0.01 linf = 0.03.
LETICIA RIBEIRO DE PAIVA

MODELAGEM DE TUMORES AVASCULARES: DE AUTÔMATOS CELULARES A MODELOS DE MULTIESCALA

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, omo parte das exigên ias do Programa de Pós-Graduação em Físi a Apli ada, para obtenção do título de

S ientiae.

VIÇOSA MINAS GERAIS - BRASIL 2007

Magister

a minha mãe e ao Sidiney

ii

Pode-se viver no mundo uma vida magní a quando se sabe trabalhar e amar. Trabalhar pelo que se ama e amar aquilo que se trabalha  iii

Leon Tolstoi

AGRADECIMENTOS

Aos orientadores, Prof. Silvio e Prof. Mar elo pela oportunidade e por tudo o que me ensinaram A minha mãe, que é minha inspiração Ao Sidiney, por iluminar meus dias A minha tia Lú ia, a minha irmãzinha Fernanda e a toda a minha família, pelo apoio in ondi ional Aos valiosos amigos, Zaira, Moharah, Marianne, Dihego, Camilla, Vini ius, Marina Ao Christopher Binny, pela ajuda tão importante em biologia Ao prof. Mar elo Vilela pelas sugestões no apítulo da biologia do ân er Aos professores e olegas da físi a A administração do GISC I e II A CAPES pela bolsa e à Universidade Federal de Viçosa.

iv

BIOGRAFIA

LETICIA RIBEIRO DE PAIVA, lha de Már ia Furtado Ribeiro e José Reinaldo Gomide de Paiva, nas eu em Manhumirim, Minas Gerais, em Em agosto de Minas Gerais.

2005,

02 de

dezembro de

1983.

on luiu o ba harelado em físi a pela Universidade Federal de

Em março de

2007,

obteve o título de mestre em físi a apli ada na

Universidade Federal de Viçosa.

v

SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS

ix

RESUMO

x

ABSTRACT

xi

1 Introdução

1

2 Biologia do ân er

4

2.1

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4

2.2

Bases mole ulares do omportamento da élula an erosa . . . . . . . .

5

2.3

Desenvolvimento de um tumor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

6

2.4

Terapia do ân er e Viroterapia

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3 Modelando tumores 3.1

3.2

3.3

3.4

3.5

10

15

Modelos fenomenológi os . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

16

3.1.1

Equação logísti a generalizada . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

16

3.1.2

Modelos Gompertzianos

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

18

Modelos Dis retos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

19

3.2.1

Modelo de Eden . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

19

3.2.2

Modelo de Williams-Bjerknes

. . . . . . . . . . . . . . . . . . .

21

Modelos baseados em Equações Diferen iais Par iais . . . . . . . . . . .

22

3.3.1

. . . . . . . . . . . . . . . . . .

23

Modelos de Multies ala ou Híbridos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

25

3.4.1

Modelo de Jiang et al.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

25

3.4.2

Modelo de Sander e Deisboe k . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

26

Modelos para viroterapia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

29

3.5.1

29

Modelo de Sherratt e Chaplain

Modelo de Wu et al.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vi

3.5.2

Outros modelos para viroterapia . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4 Cres imento isotrópi o do modelo de Eden em redes 4.1

32

34

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

34

4.1.1

O modelo de Eden om redução de ruído . . . . . . . . . . . . .

37

4.2

Regra de res imento generalizada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

38

4.3

Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

39

4.4

Con lusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

44

5 Modelo de multies ala para viroterapia em tumores avas ulares 5.1

Modelo para o res imento de ar inomas

in situ

46

. . . . . . . . . . . .

46

5.1.1

O te ido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

47

5.1.2

Os nutrientes

48

5.1.3

Dinâmi a elular

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

50

5.1.4

Implementação omputa ional . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

51

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5.2

Modelo para viroterapia

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

52

5.3

Estimativa dos parâmetros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

54

5.4

Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

56

5.5

Con lusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

65

6 Con lusões e Perspe tivas

67

Apêndi e  Equações Diferen iais Par iais

69

Referên ias Bibliográ as

79

vii

LISTA DE FIGURAS 2.1

Estágios do desenvolvimento tumoral. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

6

2.2

Um me anismo possível para a adquisição de resistên ia a apoptose. . .

8

2.3

Um esquema para viroterapia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

11

2.4

Barreiras a distribuição de vírus on olíti os aos tumores

. . . .

13

3.1

Cres imento do tumor no modelo de Sa hs et al. . . . . . . . . . . . . .

17

3.2

Curvas logísti a e de Gompertz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

18

3.3

Agregado de Eden e foto de um melanoma. . . . . . . . . . . . . . . . .

21

3.4

Padrões gerados pelo modelo de Williams e Bjerknes.

. . . . . . . . . .

22

3.5

Estrutura de um esferóide multi elular tumoral.

. . . . . . . . . . . . .

23

3.6

Glioblastoma humano e um resultado do modelo de Sander e Deisboe k.

27

3.7

Resultados do modelo de Wu et al.

31

3.8

Dados experimentais versus previsões do modelo de Friedman et al.

. .

33

4.1

Modelo de Eden res ido de uma semente e de uma superfí ie lisa. . . .

35

4.2

Evolução típi a da rugosidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

36

4.3

Agregados de Eden om diferentes redutores de ruído. . . . . . . . . . .

38

4.4

Padrões do modelo de Eden res idos no limite sem ruído.

. . . . . . .

39

4.5

Rugosidade no modelo de Eden no limite sem ruído. . . . . . . . . . . .

40

4.6

Bordas dos agregados para valores diferentes de

4.7

Rugosidade para valores distintos de

4.8

Curvatura média omo função de

. . . . . . . . . . . . . .

43

4.9

Rugosidade em relação ao entro da rede e ao entro de massa. . . . . .

44

in vivo.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

ν.

ν.

. . . . . . . . . . . .

41

. . . . . . . . . . . . . . . . . .

42

∆ = ν − νc .

4.10 Número de vizinhos o upados e a anisotropia gerada.

. . . . . . . . . .

45

4.11 Diferença entre os res imentos diagonal e axial. . . . . . . . . . . . . .

45

5.1

Imagem do peritneo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

47

5.2

Con entração de nutrientes na ausên ia de élulas an erosas.

49

viii

. . . . .

in situ.

5.3

Padrões gerados pelo modelo de res imento de ar inomas

. .

51

5.4

Comportamentos observados no modelo para viroterapia em tumores. .

56

5.5

Evolução temporal do número de élulas an erosas e de vírus. . . . . .

57

5.6

Distribuição espa ial das élulas an erosas após a viroterapia. . . . . .

58

5.7

Caráter esto ásti o do modelo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

60

5.8

Comportamento dominante para

Tl

5.9

Comportamento dominante para

γv = 0.005

e

θinf

xos em ada diagrama. . . . e

γv = 0.01.

5.10 Diagrama de omportamentos dominantes para

γv = 0.01

61

. . . . . . . .

62

θinf = 0.03.

63

e

5.11 Probabilidades dos omportamentos A e B para

γv = 0.01

e

θinf = 0.03.

64

5.12 Probabilidades dos omportamentos C e D para

γv = 0.01

e

θinf = 0.03.

64

5.13 Diagrama do omportamento dominante para

ix

γv = 0.005

e

θinf = 0.1.

.

65

RESUMO PAIVA, Leti ia Ribeiro de, M.S ., Universidade Federal de Viçosa, março de

2007. Modelagem de tumores avas ulares: de autmatos elula-

res a modelos de multies ala.

Orientador:

Silvio da Costa Ferreira

Junior. Co-Orientadores: Mar elo Lobato Martins e Ismael Lima Menezes Sobrinho.

A maior parte das terapias anti- ân er lini amente usadas tem se desenvolvido empiri amente [1℄ mas a resposta do tumor e do organismo a essas terapias é não-linear. Portanto, modelos matemáti os podem ser ferramentas omplementares (e talvez ne essárias) para a ompreensão da dinâmi a da resposta à droga ou terapia no organismo. Nesta dissertação de mestrado alguns desses modelos são estudados. Em parti ular, propomos uma estratégia para res er agregados isotrópi os do modelo de Eden na rede, um modelo esto ásti o bási o para o res imento de tumores avas ulares. Os padrões gerados são ara terizados pela largura da interfa e, que é al ulada

onsiderando o entro da rede ou o entro de massa do agregado omo referên ia, e pela diferença entre as probabilidades de res imento axial e diagonal. Também foi estudado um modelo de multies ala para viroterapia em tumores avas ulares em que as on entrações de nutrientes e vírus são des ritas por equações de reação-difusão ma ros ópi as e as ações de élulas tumorais são governadas por regras esto ásti as mi ros ópi as. O objetivo entral dessa parte do trabalho é a determinação do diagrama de estados no espaço de parâmetros. A faixa de parâmetros envolvidos foi estimada a partir de dados experimentais e a resposta das élulas tumorais à injeção viral apresenta quatro omportamentos diferentes, todos observados experimentalmente. Os valores dos parâmetros que geram predominantemente ada um desses omportamentos são determinados.

x

ABSTRACT PAIVA, Leti ia Ribeiro de, M.S ., Universidade Federal de Viçosa, Mar h,

2007. Avas ular tumor modelling: from elular automata to mul-

tis ale models.

Adviser: Silvio da Costa Ferreira Junior. Co-Advisers:

Mar elo Lobato Martins and Ismael Lima Menezes Sobrinho.

The majority of the lini ally used anti- an er therapies has been developed empiri ally [1℄, but the tumour and organism response to these therapies are nonlinear. Therefore mathemati al models might be omplementary (may be ne essary) tools for the understanding of the drug response dynami s in the organism. In this dissertation, some of these models are studied. Parti ularly, we propose a strategy to grow isotropi on-latti e Eden lusters, a basi sto hasti model for avas ular tumour growth.

The patterns were hara terized through the interfa e width, evaluated in

relation to a xed origin or to the border entre-of-mass, and by the dieren e between the axial and diagonal growth probabilities. Also, we analysed a multis ale model for tumour virotherapy in whi h the nutrient and virus on entrations are des ribed by ma ros opi rea tion-diusion equations and mi ros opi sto hasti rules govern the a tions of individual tumour ells.

The main aim of this work part is to determine

the state diagram in the parameter spa e.

The range of the model parameters was

estimated from experimental data and the an er ell response to the virus inje tions exhibits four distin t behaviors, all experimentally observed.

The parameter values

that generate ea h one of these dominant behaviors were determined.

xi

CAPÍTULO 1 Introdução Nas últimas três dé adas, a pesquisa sobre o ân er a umulou uma quantidade enorme de informações. Nesse período, foram feitos grandes progressos na identi ação das bases mais profundas do pro esso - aquelas ao nível mole ular. De todo esse onhe imento, emergiram algumas leis e prin ípios que expli am muitos dos omportamentos

omplexos observados em tumores humanos. Um desses prin ípios são as regras que governam a transformação de élulas normais em an erosas. Como virtualmente todas as élulas dos mamíferos arregam uma maquinaria mole ular similar que ontrola sua proliferação, diferen iação e morte, Hanahan e Weinberg [2℄ propuseram que existem algumas ara terísti as ompartilhadas por todos os tipos de ân eres em humanos. Muitas evidên ias [3, 4℄ indi am que a

ar inogênese em humanos é um pro esso em etapas e essas etapas reetem alterações genéti as que governam a transformação progressiva de élulas normais em malignas. Apesar do avanço no onhe imento sobre o ân er, a maioria dos tratamentos anti- ân er amplamente usados hoje foram desenvolvidos antes de

1975

[5℄. Contudo,

um grande número de novas estratégias de terapia estão em desenvolvimento.

2003,

Em

uma ompilação das terapias anti- ân er em desenvolvimento pré- líni o ou em

testes líni os listou mais de

1300 projetos de pesquisa nan iados por grandes ompa-

nhias farma êuti as e pequenas empresas de biote nologia [5℄. Os agentes terapêuti os em desenvolvimento in luem drogas de pequeno peso mole ular, proteínas, anti orpos mono lonais, terapia gêni a e viroterapia. Em parti ular, alguns testes líni os om vírus on olíti os estão na fase III 1 Em

1

,

testes na fase III, a droga ou o tratamtento estudado é administrado a um grupo grande de pessoas (1000 − 3000) para onrmar sua e iên ia, monitorar efeitos olaterais, omparar om os tratamentos geralmente usados e oletar informações que permitirão que a droga ou o tratamento 1

2

Introdução

omo é o aso do Adenovírus [6℄. Em novembro de do vírus on olíti o

2005 o governo hinês aprovou o uso

H101 espe i amente para o tratamento de ar inoma nasofaringeal

em ombinação om quimioterapia baseada em isplatina. Este e outros avanços líni os são dis utidos por D. Kirn no editorial da de

2002).

Mole ular Therapy (Vol.13 : 20, Fevereiro

O futuro da viroterapia é promissor pois existem várias possibilidades, omo

o uso de diferentes espé ies de vírus, ada um om diferentes me anismos de ação. Entretanto, a maior parte das terapias, in luindo viroterapia, lini amente usadas, tem se desenvolvido empiri amente [1℄ e, portanto, modelos matemáti os podem ser ferramentas omplementares (e talvez ne essárias) para a ompreensão da dinâmi a da resposta à droga ou terapia no organismo. Os modelos matemáti os para o

res imento e/ou tratamento de tumores são propostos segundo diferentes abordagens. Uma delas é a baseada em equações diferen iais ordinárias, que podem des rever a evolução temporal das populações do tumor, omo a equação de Gompertz [7℄. Modelos mais ompletos de equações diferen iais par iais são atualmente os tipos mais estudados pelos matemáti os [8℄ e permitem obter informações espa iais e temporais do sistema. Outra abordagem é a des rição dis reta de todo o sistema. Nessa lasse de modelos en ontra-se o modelo de Eden [9℄, que é uma aproximação de primeira ordem para res imento de tumores avas ulares. Modelos dis retos, omo o modelo de Eden, podem des rever a evolução espa ial e temporal do sistema e são mais fa ilmente simulados em redes. Entretanto, a rede impõe anisotropia aos agregados e uma estratégia para remover essa anisotropia no modelo de Eden é apresentada no apítulo 4. Essa estratégia gerou uma publi ação [10℄. Também são en ontrados na literatura modelos híbridos ou modelos de multies ala, que usam diferentes abordagens para des rever os omponentes do sistema. Por exemplo, no modelo de Ferreira et al. [11℄ as élulas normais e an erosas têm uma des rição dis reta, enquanto os nutrientes são tratados omo quantidades ontínuas. No apítulo 5 apresentaremos um modelo de multi-es ala para simular uma terapia anti- ân er promissora baseada em vírus que têm a habilidade de matar preferen ialmente élulas an erosas. Este modelo foi proposto em

2005

por Ferreira et al. [12℄,

e apresentamos nessa dissertação um estudo uidadoso do espaço de parâmetros do modelo. Nessa dissertação de mestrado serão apresentados alguns modelos matemáti os para res imento de tumores desenvolvidos nos últimos anos.

sejam usados om segurança (denição dada pelo FDA Unidos).

Essa revisão é feita

Food and Drug Administration dos Estados

3 no apítulo 3. Antes disso, o apítulo 2 traz uma revisão simpli ada sobre ân er, limitada a aspe tos de biologia que serão ne essários para ompreender os modelos apresentados. No apêndi e A é expli ado o método numéri o empregado para resolver as equações diferen iais envolvidas no modelo.

CAPÍTULO 2 Biologia do ân er Neste apítulo serão apresentados alguns on eitos fundamentais do desenvolvimento do ân er ne essários para a ompreensão dos modelos apresentados nos apítulos 3 e 4. Para isso, foram usados livros tradi ionais omo Mole ular Cell Biology [13℄, Can er Medi ine

6

[14℄ e também o re ente The biology of an er [5℄, bem

omo os artigos de revisão de Folkman [15℄, de Weinberg [16℄, de Hanahan e Weinberg [2℄ e o de Parato et al.

[6℄.

Outros detalhes podem ser en ontrados nas referên ias

itadas nesse parágrafo.

2.1

Introdução O termo ân er se refere a mais de

100 formas diferentes

de doenças e apesar de

ada uma delas possuir ara terísti as úni as, alguns dos pro essos fundamentais que produzem essa diversidade de tumores são bastante similares. Vários ritérios podem ser estabele idos para lassi ar os tipos de tumores. Um

ritério importante é o omportamento líni o, que propõe a lassi ação em tumores benignos (quando eles não invadiram te idos adja entes) e malignos (quando os te idos vizinhos foram invadidos e as élulas an erosas têm a apa idade de se espalharem pelo orpo).

Outra lassi ação pode ser feita a partir do tipo elular do qual os

tumores são derivados. Por exemplo, são denominados ar inomas se são derivados de

élulas epiteliais, sar omas se derivados do te ido onjuntivo ou de élulas mus ulares e leu emias se derivados de élulas hematopoiéti as (que dão origem às élulas do sangue).

Os ar inomas são os mais freqüentes, orrespondendo a mais de

90%

dos

ân eres humanos no O idente [5℄. Nos organismos multi elulares, as élulas possuem o genoma, que se expressa 4

2.2 Bases mole ulares do omportamento da élula an erosa

5

diferentemente em élulas onstituintes de te idos diferentes. As seqüên ias genmi as estão sujeitas a alterações, hamadas de mutações, na sua estrutura e portanto na informação que arregam. Essas mutações o orrem onstantemente, mas existem me anismos de reparo dessas mutações asso iados a outros me anismos que disparam a morte elular programada aso o dano não possa ser reparado. Entretanto, podem a onte er falhas neste pro esso de manutenção da integridade do genoma levando à xação de mutações em genes espe í os, ríti os para o ân er. Estes genes podem ser lassi ados em



On ogenes:

genes alterados ujos produtos podem agir, de modo dominante,

auxiliando a originar uma élula an erosa.

Tipi amente, um on ogene é uma

forma mutante de um gene normal (proto-on ogene) envolvida no ontrole da divisão (ou do res imento) e na diferen iação das élulas.



Genes Supressores de Tumores: genes que pare em impedir a formação de um

ân er. Mutações om perda de função nestes genes aumentam a sus etibilidade ao ân er. Uma das últimas barreiras de defesa ontra o ân er é a atividade do sistema

imune, que atua em estágios avançados da ar inogênese e é provavelmente uma barreira menos e az se omparada aos me anismos de manutenção da integridade do genoma que operam em estágios anteriores [17℄. Alguns omponentes do sistema imune são apazes de re onhe er antígenos tumorais das élulas an erosas e matá-las. Entretanto, existem estudos que asso iaram inamação rni a à in idên ia tumoral [18, 19℄ e trabalhos mostrando que neutrólos lulas normais em an erosas

in vitro

1

ativados podem induzir a transformação de é-

[20, 21℄. Porém, omo dis utido por Jakóbisiak

et al. [17℄, o onhe imento a er a da defesa natural do organismo ontra o ân er está longe de ser ompleto e muitos paradoxos e on eitos permane em in ompreendidos.

2.2

Bases mole ulares do omportamento da élula

an erosa Em

1910,

Sar oma Virus ) 1 Neutrólos

Peyton Rous des obriu que o vírus do sar oma de Rous (RSV era apaz de induzir tumores em galinhas.

Rous

Posteriormente, outras

são uma lasse de élulas do sistema imune; são os prin ipais fagó itos do sangue ( élulas que ingerem e destroem matéria estranha ao organismo) e parti ipam da reação inamatória.

6

Biologia do ân er

viroses ausadoras de ân er foram des obertas, mas o pro esso de transformação de uma élula normal em uma an erosa permane eu um mistério por mais de meio sé ulo. Então, pesquisadores do Instituto de Te nologia da Califórnia des obriram que o RSV era apaz de transformar élulas normais em an erosas mesmo em ultura.

Essa

observação mudou radi almente o urso da pesquisa em ân er no sé ulo XX, pois ela demonstrava que a formação do ân er poderia ser estudada ao nível de élulas individuais, ujos omportamentos poderiam ser uidadosamente monitorados om um mi ros ópio. Com isso, foi possível isolar os on ogenes das élulas tumorais. O ân er tornou-se então uma doença de genes e, portanto, poderia ser estudado também om as ferramentas da biologia mole ular e da genéti a.

2.3

Desenvolvimento de um tumor Entre um te ido normal e um maligno há um amplo espe tro de estágios in-

termediários. Cada tipo de modi ação representa um passo distinto ao longo de um

aminho evolu ionário, em que a população elular neoplási a adquire a ada passo

omportamentos mais agressivos. Isso sugere que o desenvolvimento de tumores é um pro esso omplexo e om múltiplas etapas.

Nesse sentido, para ar inomas pode-se

tentar lassi ar essas etapas omo segue.

Figura 2.1:

Estágios do desenvolvimento tumoral. Figura adaptada de [16℄.

1. O desenvolvimento do tumor omeça quando uma élula sustenta uma mutação genéti a que aumenta sua propensão à proliferação, quando normalmente estaria em repouso.

2. A élula alterada e suas des endentes

ontinuam om aparên ia normal, mas

reproduzindo om muito mais freqüên ia, uma ondição denominada

hiperplasia.

2.3 Desenvolvimento de um tumor

7

Após um período que pode hegar a anos, uma dessas élulas sofre outra mutação sustentada em que o res imento elular  a fora do ontrole dos te idos normais.

3.

Além de proliferar ex essivamente, as élulas adquirem forma e orientação

anormais; o te ido agora exibe

displasia.

Novamente, após algum tempo, uma muta-

ção have que altera o omportamento elular pode o orrer.

4.

As élulas afetadas tornam-se ainda mais anormais em res imento e apa-

rên ia. Se o tumor não atravessou a membrana basal, ele é dito

ân er "in

situ ".

Este tumor pode permane er sob ontrole; entretanto, algumas élulas podem eventualmente adquirir mutações adi ionais.

5.

Se as alterações genéti as permitem ao tumor invadir te idos vizinhos e li-

ân er

berar élulas na ir ulação sangüínea ou linfáti a, o tumor tornou-se maligno (

invasivo).

As élulas liberadas podem estabele er novos tumores (metástases) pelo

orpo e estes podem tornar-se letais por destruir um órgão vital. Um tumor maligno pode desenvolver-se por meio de um grande número de estratégias diferentes.

Contudo, Hanahan e Weinberg [2℄ propuseram seis alterações

essen iais na siologia da élula que oletivamente ditam o res imento maligno e que são ompartilhadas pela maioria ou talvez por todos os tipos de tumores humanos. Essas apa idades são

֒→ Auto-su iên ia em sinais de res imento Para reproduzirem-se, élulas normais ne essitam de fatores de res imento que em geral são produzidos por outro tipo de élula (estimulação pará rina).

Entretanto,

muitas élulas an erosas adquirem a apa idade de sintetizar fatores de res imento e até mesmo os re eptores para os quais elas são sensíveis (estimulação autó rina).

֒→ Insensibilidade a sinais que inibem o res imento Múltiplos sinais antiproliferativos atuam em um te ido normal para manter a quies ên ia elular e a estabilidade do te ido. Células an erosas adquirem a apa idade de es apar desses sinais ou ignorá-los, por exemplo, intervindo na via da proteína retinoblastoma (pRb), através da qual passam muitos desses sinais antiproliferativos.

֒→ Evasão da morte elular programada (apoptose) A habilidade das populações de élulas tumorais de expandirem em número é determinada não apenas pela taxa de proliferação elular, mas também pela taxa de redução do número de élulas. Em élulas normais, essa redução o orre prin ipalmente devido

8

Biologia do ân er

à apoptose, ou morte elular programada. A resistên ia à apoptose pode ser adquirida pela élula an erosa por meio de várias estratégias. A mais omum delas envolve a inativação do gene supressor de tumor

p53,

um omponente have, sensor de danos ao

DNA que pode induzir apoptose, omo é mostrado na gura 2.2. Estudos [22℄ omprovam que a inativação do gene

p53

leva à instabilidade genéti a em élulas normais

vitro e in vivo.

Figura 2.2: A resistên ia a apoptose pode ser adquirida pela inativação do gene Figura adaptada do site

in

p53.

http://www.wellesley.edu/.

֒→ Poten ial repli ativo ilimitado Todas as élulas dos mamíferos arregam um programa intrínse o que limita sua multipli ação. Esse me anismo é ontrolado pelos telmeros, que são segmentos de DNA nas extremidades dos romossomos.

Eles sofrem um pro esso de en urtamento du-

rante ada i lo elular. Após su essivos i los, os telmeros perdem sua habilidade de proteger as extremidades do DNA romossomal e essas extremidades desprotegidas podem se fundir, levando a um dessaranjo no ariótipo ( onjunto de romossomos) e a um pro esso de rise que leva, quase inevitavelmente, à morte da élula. Ou seja, os telmeros limitam o número de gerações de uma população elular. Contudo, as élulas malignas adquirem me anismos de manutenção dos seus telmeros. A grande maioria delas expressa telomerase, que adi iona hexanu leotídeos repetidos nas extremidades do DNA teloméri o impedindo, assim, que o pro esso de rise seja desen adeado. Dessa forma, as élulas malignas podem multipli ar-se ilimitadamente.

֒→ Estimulação da angiogênese

2.3 Desenvolvimento de um tumor

9

Em geral, os vasos sangüíneos apilares não aumentam em tamanho ou número, ex eto em situações omo menstruação ou quando o te ido é dani ado. Nessas situações o orre uma proliferação de novos apilares, hamada angiogênese ou neovas ularização, tipi amente de urta duração ( er a de uma a duas semanas) [15℄. Contudo, élulas tumorais podem adquirir a apa idade de estimular neovas ularização para obter o forne imento dos nutrientes essen iais para seu res imento a elerado. O tumor promove angiogênese liberando proteínas omo o fator de res imento broblásti o e o fator de

res imento endotelial vas ular. Essas proteínas, onhe idas omo fatores tumorais de angiogênese, difundem nos te idos vizinhos e ligam-se a re eptores na membrana das

élulas endoteliais. A ativação dessas élulas promove a se reção de enzimas que degradam a matriz extra elular fa ilitando a migração das élulas endoteliais em direção ao tumor, por meio de uma resposta quimiotáti a aos fatores tumorais de angiogênese.

As élulas endoteliais podem unir-se umas às outras formando um tubo o o (lumen) e, portanto, ini iando o desenvolvimento de um novo apilar, ujo res imento é orientado na direção do tumor. Após a neovas ularização, a entrada de nutrientes e a saída de atabólitos (resíduos oriundos do metabolismo) torna-se mais e iente. Os apilares também serão importantes para o transporte de fatores de res imento estimuladores de divisão e fa ilitarão a metástase.

֒→ Invasão de te idos e metástases Durante o desenvolvimento da maior parte dos ân eres humanos, algumas élulas es apam do tumor primário, invadindo te idos adja entes e, então, deslo ando-se para regiões distantes onde elas podem formar novas olnias. metástases- são a ausa de

90%

Essas novas olnias -

das mortes por ân er em humanos [23℄.

Para es-

tabele er metástases, as élulas an erosas pre isam superar muitas barreiras siológi as, omo o es ape do te ido original, a entrada na orrente sangüínea ou nos vasos linfáti os, a sobrevivên ia na ir ulação e a adaptação ao novo te ido.

É importante men ionar que a seqüên ia parti ular em que essas apa idades são adquiridas varia amplamente mesmo entre tumores do mesmo tipo. E em alguns tumores uma lesão genéti a parti ular pode onferir várias apa idades simultaneamente, diminuindo o número de mutações ne essárias à ar inogênese.

10 2.4

Biologia do ân er Terapia do ân er e Viroterapia Quando será des oberta a ura para o ân er? Esta é a pergunta mais simples

e lógi a feita à maioria dos pesquisadores em ân er por aqueles que não estão diretamente envolvidos nessa área de pesquisa. Certamente não haverá uma úni a  ura para todos os ân eres, simplesmente porque o ân er não é uma úni a doença. Por exemplo, há pelo menos

8

ategorias distintas de ân er de mama.

Além disso, as

populações de élulas tumorais malignas são heterogêneas sob vários aspe tos, o que exige mais de um tipo de tratamento para atingir todo o tumor. Essas élulas possuem alta mutabilidade, o que permite que elas adquiram resistên ia às várias modalidades de terapia. Portanto, são ne essárias terapias envolvendo tratamentos simultâneos om dois ou mais agentes om diferentes me anismos de ação. Por exemplo, a ombinação de inibidores de angiogênese e agentes quimioterápi os mostrou ser mais e iente do que ada terapia isolada em testes om animais [15℄. Apesar de apresentar muitos resultados positivos, as terapias tradi ionais ontra o ân er, omo a quimioterapia e a radioterapia, baseiam-se prin ipalmente em agentes que dani am o DNA e a maquinaria que mantém a integridade dos romossomos das élulas tumorais. Esses tratamentos matam preferen ialmente élulas an erosas que têm menor apa idade de sobreviver a danos, sele ionando assim as élulas mais agressivas do tumor. Aliados a isso, os efeitos olaterais desses tratamentos são frequentemente graves, motivando o desenvolvimento de novas estratégias na luta ontra o ân er.

Uma terapia promissora é baseada em vírus modi ados em laboratório

para ata ar seletivamente as élulas an erosas.

Dis utiremos alguns detalhes dessa

terapia nessa seção, pois um modelo matemáti o para viroterapia será uidadosamente estudado no apítulo 5.

Viroterapia Vírus têm a apa idade de infe tar élulas de um organismo biológi o. Eles são

onstituídos de material genéti o ontido em uma ápsula proteí a, hamada apsídeo, que pode estar envolvida por um envelope que in lui uma membrana. Eles multipli amse somente dentro de élulas vivas e dependem delas para sintetizar proteínas, gerar e armazenar energia. O passo ini ial na sua multipli ação é a separação físi a do genoma viral (um segmento de DNA ou RNA) da sua ápsula protetora e a inserção deste á ido nu léi o no genoma da élula hospedeira que passa a sintetizar o DNA ou RNA viral. Este pro esso diferen ia os vírus de outros parasitas intra elulares.

2.4 Terapia do ân er e Viroterapia

11

A engenharia genéti a permite modi ar vírus em laboratório para ombater tumores, tornando-os apazes de repli arem-se onsideravelmente apenas em élulas

an erosas [24℄ levando à lise

2

dessas élulas e à onseqüente ampli ação da dose viral

dentro do tumor, omo ilustrado na gura 2.3. dos para levar genes anti- ân er

3

Vírus também podem ser projeta-

ou agentes quimioterápi os diretamente às élulas

an erosas. Esses vírus usados para ombater o ân er, devido a sua habilidade de infe tar seletivamente élulas an erosas, são onhe idos omo vírus on olíti os e podem ser moldados através de diferentes abordagens, que levam a diferentes me anismos de destruição tumoral. Um panorama dessas abordagens pode ser en ontrado em [25℄.

Figura 2.3:

Vírus on olíti os podem ser moldados para se repli arem ex lusivamente

em élulas an erosas. Figura extraída de [25℄.

A viroterapia não é uma idéia nova, ela surgiu quando alguns siologistas notaram que alguns pa ientes que sofriam de ân er, quando in identalmente adquiriam

ertas infe ções virais ou eram submetidos a va inação, melhoravam e seus sintomas 2 Pro esso

de ruptura das membranas elulares que levam à morte da élula e à liberação de seu

onteúdo 3 Terapia gêni a é um tratamento experimental que envolve a introdução de material genéti o (DNA ou RNA) nas élulas do pa iente para prevenir ou ombater o ân er, entre outras doenças. Mas em geral, um gene não pode ser diretamente inserido na élula de uma pessoa, então vírus são usados para inserir esse material genéti o.

12

Biologia do ân er

regrediam. Nas dé adas de

1940

e

1950 foram realizados vários estudos

[26, 27, 28℄ em

modelos animais para analisar o uso de vírus no tratamento de tumores e, em

1956,

Smith et al. [29℄ realizaram um dos primeiros testes líni os em humanos em estágios avançados de ân er ervi al om um vírus on olíti o. No entanto, pesquisas sistemáti as neste ampo só puderam ser realizadas muitos anos depois, devido a ne essidade de te nologias avançadas. O sistema imune dos mamíferos age no sentido de restringir a repli ação e a dispersão de patógenos invasores. Se por um lado ele é uma barreira à viroterapia, pois muitos vírus on olíti os são eliminados, por outro a estimulação viral do sistema imune adaptativo pare e ativar a resposta imune anti-tumoral, o que aumenta a e á ia da terapia. Os vírus on olíti os são administrados aos pa ientes por diferentes estratégias. Por razões de segurança, vetores virais baseados no vírus da varíola, no adenovírus, no reovírus, no vírus da doença de New Castle (NDV - New Castle Disease Virus), no Coxsa kievirus e no vírus da herpes simples (HSV - Herpes Simplex Virus) foram administrados por injeção intratumoral em testes pré- líni os [30, 31, 32, 33, 34℄. Tipi amente, a administração intratumoral não ausa efeitos olaterais signi ativos,

ausando apenas um in haço lo al temporário. Entretanto, uma baixa e iên ia ontra metástases é observada, pois em geral há pou o ou nenhum espalhamento do vírus do sítio primário de injeção [6℄. Como muitos pa ientes desenvolvem metástases, a administração intravenosa dos vírus on olíti os seria mais e az para extinguir o tumor primário e suas olnias. Essa abordagem foi usada om su esso, por exemplo, por M Donald et al. [35℄. Entretanto, quando vírus on olíti os são administrados por via intravenosa a um pa iente, muitas barreiras os impedem de atingir o tumor e infe tar as élulas an erosas,

omo ilustrado na gura 2.4. Nessa abordagem, em geral observam-se efeitos olaterais signi ativos e sistêmi os. Os sintomas são semelhantes aos de uma gripe forte, mas pesquisadores têm desenvolvido estratégias para minimizar esses sintomas. Resumindo, viroses on olíti as têm efeitos olaterais limitados que são menos debilitantes que aqueles asso iados a terapias anti- ân er tradi ionais, omo a quimioterapia e têm mostrado sinais de e á ia. Alguns pesquisadores têm dedi ado-se a propor estratégias que fa ilitem o ataque das élulas tumorais por vírus on olíti os

omo, por exemplo, pesquisadores do Centro Médi o da Universidade do Estado de Ohio, que usaram vírus da herpes geneti amente alterados ontra gliomas malignos em amundongos [36℄. De a ordo om esse estudo, quando vírus são injetados em um

2.4 Terapia do ân er e Viroterapia

Figura 2.4:

13

Um dos problemas da administração intravenosa dos vírus on olíti os são

as barreiras naturais que os impedem de atingir o tumor. Alguns minutos após a injeção viral, uma parte dos vírus já foi absorvida pelo fígado. Os vírus que onseguem es apar deste órgão podem air na ir ulação e então podem ser rapidamente neutralizados pelo sistema imune. Para atingir as élulas tumorais, o vírus pre isa entrar no mi roambiente do tumor, ven er o gradiente de pressão provo ado pelo uido existente entre essas élulas e es apar da ação de omponentes do sistema imune inltrados. Figura adaptada de [6℄.

tumor, em pou as horas eles são ata ados por élulas do sistema imune, diminuindo a e á ia da viroterapia. Nesse experimento, a medi ação quimioterapêuti a (Ci lofosfamida) foi administrada antes da injeção viral em alguns animais. Esta droga enfraque e as élulas do sistema imune, dando oportunidade ao vírus de se disseminar e eliminar uma quantidade maior de élulas an erosas. O estudo mostrou que os animais om tumor no érebro tratados om o vírus on olíti o vivem signi ativamente mais tempo quando a Ci lofosfamida é pré-administrada. Uma das di uldades en ontradas para o progresso das terapias baseadas em viroses on olíti as é a dis repân ia entre estudos

in vitro

e

in vivo.

Os estudos pré-

líni os forne em resultados muito mais promissores que os estudos líni os.

Isso é

devido, em parte, ao fato de que linhagens de élulas an erosas podem não reetir a

14

Biologia do ân er

biologia de tumores

in vivo e que tumores humanos, em geral, exibem heterogeneidade

líni a e genéti a. Portanto, um tratamento bem-su edido em um aso pode não ser e az em outros.

Uma nova abordagem para analisar a itotoxidade e a e á ia de

vírus on olíti os foi proposta por Wang et al.

[37℄.

Nessa abordagem eles sugerem

a utilização de espé imes de ân eres humanos primários

ex vivo

para esses estudos.

Ou seja, os tumores foram retirados de pa ientes e mantidos em ultura para serem infe tados om vírus e analisados. Portanto, a elu idação dos me anismos de ação dos vírus on olíti os depende fortemente de estudos em sistemas de ultura heterotípi os

ada vez mais renados.

in vitro

e modelos

in vivo

Dada a omplexidade do problema, o desenvolvimento de

modelos matemáti os que des revam aspe tos fundamentais da ação da viroterapia sobre o res imento de tumores pode apresentar sugestões valiosas, reduzindo o número de experimentos ne essários.

CAPÍTULO 3 Modelando tumores A ompreensão da dinâmi a de res imento de um tumor é um dos grandes desaos da iên ia moderna e muitos modelos têm sido propostos nesse sentido. A aproximação mais tradi ional para modelar matemati amente sistemas biológi os é através de equações diferen iais.

Esses modelos são denidos por um onjunto de equações

diferen iais a opladas, frequentemente não-lineares, que des revem a evolução espaçotemporal de diferentes elementos do sistema. Uma primeira aproximação para modelar tumores são os modelos fenomenológi os [38℄, que são baseados em equações diferen iais ordinárias. Eles têm a vantagem de serem mais simples que aqueles baseados em equações diferen iais par iais e em alguns asos podem apturar as prin ipais ara terísti as do pro esso estudado. Entretando, um modelo baseado em equações diferen iais ordinárias des reve apenas a evolução temporal do sistema e, na maior parte dos asos, a informação espa ial é relevante.

Nessas situações, modelos baseados em equações

diferen iais par iais ou autmatos elulares [39℄ são mais adequados. A abordagem via equações diferen iais par iais (EDP's) permite obter informações espa iais e temporais, des revendo desde pro essos físi os simples omo a difusão de nutrientes [38℄ a pro essos mais omplexos omo a formação de vasos sangüíneos [40℄. Autmatos elulares são modelos dis retos e permitem modelar ada élula individualmente, alterando seu estado a partir do estado das élulas vizinhas. As diferentes aproximações são importantes e não são mutuamente ex lusivas. Pelo ontrário, modelos que ombinam o aráter dis reto para alguns elementos e ontínuo para outros (modelos híbridos) têm sido propostos e seus resultados são estimulantes. Por exemplo, pode-se usar um autmato elular para governar o estado de ada élula e equações diferen iais par iais para governar a dinâmi a da on entração de nutrientes [11℄. Cada abordagem será melhor des rita a seguir, através de uma oletânea de modelos 15

16

Modelando tumores

es olhidos na literatura por apresentarem onexões om os modelos estudados nessa dissertação, que serão des ritos em detalhes nos apítulos 4 e 5.

3.1

Modelos fenomenológi os Os modelos fenomenológi os são baseados em uma ou mais equações diferen iais

ordinárias (EDO's) e são uma aproximação simples para estudar a evolução temporal do tumor. Uma EDO tem a forma geral

~ dX(t) ~ X, ~ t) = f( dt em que

~ X(t)

~ X(t)

(3.1)

é a variável de estado, uja evolução depende de

f~.

As omponentes de

são quantidades que variam no tempo, omo populações elulares ou on entra-

ções de drogas. Um modelo desse tipo assume que o tumor é espa ialmente homogêneo e, além disso, que é ompletamente determinísti o.

3.1.1

Equação logísti a generalizada A partir da observação de que um tumor em estágios ini iais apresenta uma

urva de res imento sigmoidal, foi proposta a equação logísti a generalizada

  ν  dN µN N 1− = dt ν K para modelar res imento de tumores. Nela,

N(t) → K

para

t → ∞.

O aso

ν =1

é o número de élulas do tumor e

orresponde à equação logísti a usual, e sua

solução, dada por

K

N= 1+ é mostrada na gura 3.2.

N(t)



(3.2)

K N0

 − 1 exp−µt

(3.3)

Entre os muitos modelos propostos a partir da equação

logísti a, pode-se itar o trabalho de Sa hs et al. [41℄ para o res imento e tratamento de tumores. Eles estudaram um modelo para a angiogênese tumoral e tratamento om inibidores de angiogênese. O tumor é onsiderado tão grande que a neovas ularização domina o suprimento de oxigênio e nutrientes. Foi usada a equação logísti a 3.2 om

ν=1

para a população de élulas tumorais e a equação

dK = −αc(t)K + ωN − γN 2/3 K, dt

(3.4)

3.1 Modelos fenomenológi os

17

para as élulas endoteliais, que suprem a neovas ularização. Aqui, positiva, rela ionada à e iên ia do agente quimioterápi o e agente na região do tumor, que obede e a droga administrada no tempo

t0 ,

e

à estimulação pelo tumor e o termo (c(t)

= 0),

S

c(t)

α

é uma onstante

é a on entração do

c(t) = c0 S(t − t0 ) exp[−r(t − t0 )]

é a função degrau.

γN 2/3 K ,

O termo

ωN

para a

orresponde

à inibição. Na ausên ia de tratamento

as equações logísti a e 3.4 espe i am um atrator global. Ou seja, após

deixar o estado pré-vas ular (não modelado neste trabalho) o tumor pode promover neovas ularização via estimulação das élulas endoteliais e então res er.

À medida

que o tumor res e, o termo de inibição de longo al an e gradualmente torna-se mais importante, a neovas ularização é diminuída e o tumor se aproxima da apa idade limite. Quando um inibidor de angiogênese é administrado, a neovas ularização tornase mais lenta, omo modelado pelo termo envolvendo

c(t)

na equação 3.4. Com isso,

o res imento do tumor torna-se mais lento ou o tumor pode regredir, dependendo da

on entração

c(t).

Por exemplo, na gura 3.1 são mostrados o res imento do tumor

(linha sólida) e a apa idade de suporte (linha pontilhada) usando os parâmetros e valores ini iais apropriados para o tratamento de tumor em ratos om endostatina a

20mg/kg

por dia.

O tratamento anti-angiogêni o é administrado entre o

100

e

190

dias do experimento. Ini ialmente o tumor res e e estimula um rápido res imento de novos vasos apilares.

Com o tratamento, o volume desses vasos diminui e om

pou os nutrientes o volume do tumor também é reduzido.

Quando o tratamento é

interrompido, os apilares e o tumor voltam a res er.

Figura 3.1:

Cres imento do tumor (linha sólida) e a apa idade de suporte (linha

pontilhada) usando parâmetros e valores ini iais adequados para um tratamento om endostatina (inibidor de angiogênese) em ratos entre os dias da referên ia original [41℄

10

e

19.

Figura retirada

18

Modelando tumores

3.1.2

Modelos Gompertzianos A equação de Gompertz foi estudada originalmente no modelo atuarial desen-

volvido por Gompertz em

1825

[7℄ e foi apli ada ao estudo de res imento biológi o e

em e onomia por Winsor [42℄ em

1932.

Em

1964

Laird et al. [43℄ mostraram que as

urvas de res imento de tumores primários transplantados de amundongos e oelhos podiam ser bem ajustadas por funções de Gompertz.

Nas dé adas seguintes foram

propostos muitos modelos Gompertzianos, omo o de Norton [44℄, que apresentava ex elente on ordân ia entre as previsões de seu modelo e dados experimentais oletados de

250

mulheres om ân er de mama sem tratamento. A equação de Gompertz pode ser es rita omo

dN = −bN ln dt em que

b

e

K

são dois parâmetros e a solução



A = ln(N0 /K).

Pode-se mostrar que



N(t)

N = K expA exp em que

N K

−bt

(3.5)

é dada por

,

N(t)

(3.6)

orresponde ao limite

ν → 0

equação logísti a generalizada (3.2). A omparação entre as funções logísti a om

da

ν=1

e de Gompertz pode ser vista na gura (3.2). 1,2

0,8

N k 0,4

0,0

0

20

40

t

60

80

Figura 3.2: Comparação entre as funções logísti a om

100

ν = 1

(linha ontínua) e de

Gompertz (linha pontilhada).

Entre os modelos baseados na equação de Gompertz propostos re entemente, podemos desta ar os trabalhos de Waliszewski [45℄ e de Fister e Panetta [46℄. Estes

3.2 Modelos Dis retos

19

últimos usaram uma extensão do modelo de Gompertz para des rever o res imento do tumor e o efeito do tratamento,

N dN = −bN ln − G(N, t), dt K G(N, t)

em que

(3.7)

des reve os efeitos farma o inéti os e farma odinâmi os da droga no

sistema. Eles estudaram diferentes estratégias para a quimioterapia, onsiderando a morte das élulas an erosas propor ional a:



massa do tumor, nesse aso



sua taxa de res imento (hipótese de Norton-Simon), om



uma função tipo Mi haelis-Mentem, om

em que

δ

é a magnitude da dose e

G(N) = δu(t)N ;

u(t)

G(N) = δu(t) ln(K/N);

G(N) = δu(t)N/(K + N),

des reve a dependên ia temporal da farma o i-

néti a da droga. Cada uma dessas estratégias foi ara terizada e, através de resultados numéri os, foi mostrado que se morte das élulas an erosas é propor ional a sua massa, o tratamento requer menos drogas se omparada a morte propor ional a taxa de res imento.

3.2

Modelos Dis retos Dentre os modelos dis retos para o res imento de tumores, os autmatos elu-

lares são provavelmente os mais onhe idos. Em sua forma mais usada, eles onsistem de élulas dispostas numa rede que evoluem em um número dis reto de passos de tempo de a ordo om um onjunto de regras baseadas no estado das élulas vizinhas. O número de estados que uma élula pode assumir é dis reto e as regras podem ser iteradas indenidamente. Na literatura pode-se en ontrar muitos trabalhos que usam autmatos elulares para modelar o res imento de tumores [47, 48℄. Outra lasse de modelos dis retos in lui o modelo de Eden [9℄, o de Williams e Bjerknes [49℄ e o de Smolle e Stemer [50℄, que são atualizados sequen ialmente, o que os torna mais próximos de sistemas biológi os reais.

3.2.1

Modelo de Eden O modelo de Eden forne e uma aproximação dis reta e simpli ada para mo-

delar tumores avas ulares, omo o melanoma mostrado na gura 3.3.

Este modelo

20

Modelando tumores

foi ini ialmente des rito por Murray Eden [9℄ em

1961

om a nalidade de estudar a

esto a idade no res imento biológi o. A idéia bási a do modelo é adi ionar ao a aso partí ulas à vizinhança vazia de outras partí ulas do agregado, representando uma

élula que se divide mono lonalmente e sua des endente o upa um sítio vazio de sua vizinhança. A simulação pode ser feita em redes hiper úbi as de tamanho

Ld

om uma

partí ula ini ialmente olo ada no entro desta rede. Na literatura en ontram-se três versões mais estudadas do modelo de Eden [51, 52℄:

• Eden A:

a ada passo um sítio de res imento (sítio vazio que tem pelo menos

um vizinho o upado) é es olhido ao a aso e o upado;

• Eden B:

a ada passo um sítio de periferia (sítio do aglomerado que tem pelo

menos um vizinho vazio) é es olhido om igual probabilidade e um dos seus vizinhos vazios es olhido ao a aso é o upado;

• Eden C:

um sítio de res imento é es olhido om probabilidade propor ional ao

número de vizinhos o upados que ele possui e então é o upado. As estruturas geradas são aproximadamente esféri as, om um ontorno nãotrivial, omo podemos ver na gura 3.3, na qual foi simulada a versão Eden B. No Eden A a probabilidade de o orrên ia de reentrân ias e bura os dentro do agregado é muito maior que nas versões B e C. A primeira quantidade usada para ara terizar a interfa e desse modelo é o número de sítios de periferia (sítios do agregado que têm pelo menos um vizinho vazio) agregado

N

NP ,

que es ala om o número total de partí ulas do

de a ordo om uma lei de potên ia,

mostram [52℄ que o expoente

δ

d

Simulações de larga es ala

assume o valor trivial

δ= em que

NP ∼ N δ .

d−1 , d

(3.8)

é a dimensão do espaço onde o modelo é estudado.

interesse é a espessura da borda ou rugosidade

"

em que o onjunto de

N

w,

denida omo [52℄

N 1 X (ri − r)2 w= N i=1

distân ias

ri

Outra quantidade de

#1/2

,

representa a interfa e e

(3.9)

r

é o valor médio dessas

distân ias. Podem ser usadas pelo menos duas denições diferentes para as distân ias

ri :

na primeira,

ri

é a distân ia à semente ini ial (a rugosidade será representada por

3.2 Modelos Dis retos

21

Figura 3.3: Agregado típi o formado pelo modelo de Eden B na rede quadrada e foto de um melanoma, retirada de

w0 )

www.healingdaily. om/ onditions/skin- an er.htm

e na segunda é a distân ia ao entro de massa da borda (nesse aso a rugosidade

será es rita omo

wcm ).

Espera-se que a rugosidade obedeça uma lei de potên ia om

o número total de partí ulas do agregado,

w ∼ N β/d .

No modelo Eden B o expoente

res e para o valor assintóti o mais rapidamente do que no modelo Eden A que é

ara terizado por maior o orrên ia de reentrân ias. Voltaremos a tratar deste modelo no apítulo 4, quando iremos propor uma generalização do modelo de Eden na rede que minimiza a anisotropia imposta pela rede.

3.2.2

Modelo de Williams-Bjerknes A indução de um tumor na amada basal do epitélio foi simulada em 1972 por

Williams e Bjerknes [49℄. O on eito bási o que motiva o modelo é que o res imento de um tumor omeça quando uma úni a élula anormal divide-se mais frequentemente que suas vizinhas normais.

Nesse modelo, as élulas da borda do tumor, além de

dividir-se (o upar um vizinho normal), também podem ser substituídas por élulas normais. Baseados em onsiderações biológi as, eles restringiram a atenção apenas à

amada basal do epitélio, então o te ido é representado por uma rede bidimensional na qual sítios o upados representam as élulas tumorais e sítios vazios, as élulas normais. Cada simulação omeça om apenas uma élula an erosa, que divide-se frequentemente que as élulas normais;

κ(> 1)

κ

vezes mais

é denominada vantagem ar inogêni a.

22

Modelando tumores

Figura 3.4:

Congurações de élulas tumorais (no interior da região delimitada) e

normais (pontos fora dessa região) para o modelo de Williams e Bjerknes, extraídas de [49℄. Na gura da esquerda,

κ = ∞,

na do meio,

κ=2

e

κ = 1.1

na gura da direita.

Todas as ligações unindo uma élula normal e uma an erosa vizinhas são igualmente prováveis para serem desfeitas a ada passo de tempo. por uma tumoral om probabilidade

κ/(κ + 1),

A vizinha normal é tro ada

representando uma élula tumoral que

se divide; om a probabilidade omplementar a vizinha an erosa é tro ada por uma normal. O modelo exibe dois omportamentos distintos: res imento ilimitado (κ e regressão ompleta do tumor (κ

≤ 1).

desapare e devido a utuações. O limite

No aso parti ular

κ = 1

> 1)

o tumor sempre

κ → ∞ orresponde ao modelo de Eden,

espe i amente à versão Eden B. Exemplos de ongurações obtidas para

mais

κ>1

são

mostrados na gura 3.4.

3.3

Modelos baseados em Equações Diferen iais Par iais Os estágios ini iais no res imento de um tumor são di ilmente diagnosti ados

em pa ientes devido ao tamanho reduzido da massa de élulas. Entretanto, este res imento tem sido bem estudado

in vitro, via sistemas de esferóides multi elulares.

Nesses

sistemas, uma úni a élula an erosa é introduzida em um meio líquido ontendo os nutrientes apropriados e as estruturas geradas têm ara terísti as bem-estabele idas,

omo pode ser observado na gura 3.5. Há uma amada externa de élulas em proliferação, élulas mortas no interior da estrutura e entre essas duas populações uma

amada de élulas quies entes, que não estão se dividindo mas estão vivas, apazes de

3.3 Modelos baseados em Equações Diferen iais Par iais

Figura 3.5:

23

Uma ilustração da estrutura de um tumor esferóide multi elular, om a

amada externa de élulas em proliferação, a amada de élulas quies entes e as élulas ne róti as na região interna. O diâmetro do esferóide é

1.4mm.

Figura reproduzida da

referên ia [60℄.

omeçar a se dividir se for ne essário e as ondições forem adequadas. Para modelar esses sistemas, Greenspan props dividir as élulas em proliferação, quies entes e ne róti as em ompartimentos separados, om omportamentos ontrolados por inibidores de res imento. Isso reduz o problema a determinar a lo alização das interfa es entre os ompartimentos, que são ontroladas pelos níveis de nutrientes e de inibidores. Essa abordagem tem sido amplamente usada [53, 54, 55℄, in luindo o estudo de res imento assimétri o [56℄ e estudos detalhados de soluções analíti as do modelo [57, 58℄. Entretanto, essa divisão em ompartimentos é arti ial, uma vez que a transição entre as diferentes amadas pode ser gradual. Sherratt e Chaplain [59℄ propuseram um modelo que exibe essa estrutura em amadas, sem nenhuma exigên ia

a priori para a estrutura

espa ial do tumor.

3.3.1

Modelo de Sherratt e Chaplain Sherratt e Chaplain [59℄ propuseram um modelo para tumores avas ulares, on-

siderando densidades ontínuas de élulas em proliferação, quies entes e ne róti as, junto om um fator de res imento genéri o.

Assume-se que o tumor é no e tem

aproximadamente a forma de um dis o. Além disso, o modelo envolve uma nova representação do movimento elular que reete a migração por inibição de ontato. As

élulas ne róti as não podem se mover, mas as sub-populações em proliferação e qui-

24

Modelando tumores

es entes movem-se e esse movimento não tem nenhuma direção preferen ial. Apenas a difusão linear de ada sub-população impli ará na mistura de duas populações adja entes, o que é inadequado para gerar a estrutura extrati ada das élulas tumorais em estágios ini iais. Então, a presença de um tipo de élula deve limitar o movimento do outro tipo.

Esse fenmeno é onhe ido omo inibição de ontato [61℄, e é bem

estabele ido em vários tipos elulares. O tumor é onsiderado no e, por simpli idade matemáti a, o modelo se restringe a uma dimensão espa ial, orrespondendo a uma seção transversal do tumor. Os autores alegam que essa aproximação não terá efeito signi ativo ex eto quando o raio do tumor for muito pequeno. O uxo total (de ambas as élulas quies entes

q

∂(p+q) e em proliferação p) é dado por − , orrespondendo à difusão linear. Assume-se ∂x que essas duas populações têm a mesma mobilidade, que não é afetada pelas élulas ne róti as. Então, do uxo total, uma fração

p/(p + q) será de élulas em proliferação e

∂(p+q) seu uxo será −[p/(p + q)] . O uxo das élulas quies entes é dado analogamente. ∂x No modelo, as élulas em proliferação dividem-se a uma taxa rela ionada a população total e elas tornam-se quies entes a uma taxa que depende da on entração

c

do fator

de res imento genéri o. De modo similar, as élulas quies entes tornam-se ne róti as a uma taxa que depende de

c.

O modelo exibe as estruturas om amadas observadas em esferóides multi elulares, sem nenhuma restrição

a priori

da distribuição espa ial das élulas do tumor. O

desenvolvimento dessa estrutura em amadas é essen ialmente uma função da inéti a

elular, dependendo das taxas de proliferação, quies ên ia e ne rose e da quantidade de fator de res imento. O termo de migração por inibição de ontato torna-se mais importante quando uma versão estendida do modelo é onsiderada, que in lui élulas normais envolvendo o tumor. Uma élula normal pode mover-se e dividir-se, mas em taxas menores que uma élula tumoral em proliferação. Simulações numéri as dessa versão estendida mostram um omportamento qualitativamente similar ao en ontrado no modelo original, mas a velo idade de res imento do tumor é reduzida om a in lusão das élulas normais. Outra ontribuição importante desse trabalho é a in lusão de um termo para suprimento de nutrientes do te ido adja ente. Este efeito é ausente em esferóides multi elulares res ido

in vitro,

mas é esperado no res imento de tu-

mores avas ulares no te ido epitelial. Os resultados obtidos mostram que a estrutura do tumor pode ser signi antemente alterada por esse efeito e os autores sugerem o desenvolvimento de análogos bidimensionais dos sistemas de esferóides multi elulares

omo um passo fundamental para aproximar os experimentos

in vitro

do res imento

3.4 Modelos de Multies ala ou Híbridos de tumores

3.4

25

in vivo.

Modelos de Multies ala ou Híbridos Outra estratégia para simular tumores é a ombinação de abordagens diferentes

para omponentes distintos do sistema onsiderado. Por exemplo, as élulas podem ser des ritas por um modelo dis reto e a on entração de nutrientes pode ser tratada omo uma variável ontínua que obede e alguma equação diferen ial. Nesse aso, o modelo envolveria duas es alas de tempo distintas, a primeira asso iada a difusão de nutrientes (∼

10s)

e a segunda rela ionada à dinâmi a elular (∼

10h),

por exemplo.

Então,

todas as ações elulares o orreriam no estado esta ionário do ampo de on entração de nutrientes. Exemplos dessa lasse de modelos são os propostos por Ferreira et al. [62℄, que será des rito em detalhes no apítulo 5, por Jing et al. [63℄ e por Sander e Deisboe k [64℄; esses dois últimos serão des ritos a seguir.

3.4.1

Modelo de Jiang et al. Jiang et al. [63℄ apresentaram um modelo para res imento de tumores avas-

ulares que onsidera três es alas:

ao nível elular, um modelo de Monte Carlo na

rede des reve a dinâmi a elular (proliferação, adesão inter elular e ne rose), em es ala sub elular, uma rede Booleana regula a expressão de proteínas que ontrolam o

i lo elular e ao nível extra elular, equações de reação-difusão des revem a dinâmi a de substân ias omo on entrações de nutrientes, resíduos, promotores e inibidores de

res imento. Cada élula é tratada omo uma entidade individual que o upa os sítios da rede dentro do seu domínio. Nesta representação, uma élula tem um volume nito e uma forma deformável. Uma élula típi a o upa

27

sítios da rede e as élulas têm ontato

direto e interagem umas om as outras através de adesão super ial e ompetição por espaço.

O meio de ultura não tem um volume denido; portanto élulas em

proliferação podem invadir o espaço externo quando elas res em. No entanto, uma

élula ne róti a possui um volume denido e orresponde a um orpo rígido. O modelo

onsidera a morte apenas por ne rose (a apoptose não é onsiderada). As interações de adesão e ompetição por espaço são ara terizadas através da energia total

H=

X hiji

Jτ (Si )τ (Sj ) [1 − δ(Si , Sj )] +

X

élulas

γ(νi − V T )2 ,

(3.10)

26

Modelando tumores

em que

S τ

élulas

identi a a élula, e

τ′

e

δ

Jτ τ ′

orresponde a energia de adesão entre os tipos de

é a função delta de Kroneker; este termo des reve a energia total

devido a adesão super ial entre as élulas. No segundo termo, da élula

νi

e

i e o volume ara terísti o de uma élula, respe tivamente,

VT

são o volume

γ

é o oe iente

e

orrespondendo à elasti idade do volume elular. A probabilidade de uma élula mudar de estado está rela ionada à diferença de energia total devido a essa mudança. As élulas também interagem om seu mi roambiente que, nesse modelo, é ara terizado pela on entração de nutrientes (oxigênio e gli ose), resíduos metabóli os (la tato), promotores e inibidores de res imento.

Essas on entrações são des ritas

por equações de reação-difusão da forma

∂u = D∇2 u + f (~x) ∂t em que a substân ia taxa

f,

(3.11)

u tem onstante de difusão D e é produzida (ou onsumida) a uma

que depende do estado da élula individual, ou seja, é uma função da posição.

A passagem de uma élula pelo i lo elular é ontrolada por proteínas itoplasmáti as e é representada no modelo por uma rede regulatória de proteínas simpli ada, que ontrola a transição entre as fases

G1

e

S.

A expressão dessas proteínas regula-

tórias é inuen iada pela on entração dos promotores e inibidores de res imento. Dependendo do ponto do i lo elular em que a élula estiver, ela terá maior probabilidade de exe utar determinada ação. Uma élula na fase

G1

de tornar-se quies ente, se ela estiver na fase seguinte (fase

tem maior probabilidade

S ),

estará mais propensa a

dividir-se. As simulações apresentaram on ordân ia qualitativa e quantitativa om resultados experimentais para urvas de res imento de esferóides de tumores mamários de

amundongos sob diferentes ondições de suprimento de nutrientes. Além disso, o modelo prediz as ondições do mi roambiente ne essárias para a sobrevivên ia das élulas e sugere possíveis andidatos para os promotores e inibidores de res imento.

3.4.2

Modelo de Sander e Deisboe k Este modelo foi proposto por Sander e Deisboe k em

2002

[64℄ para estudar

padrões de res imento de tumores altamente malignos no érebro, em parti ular a origem e estrutura da zona invasiva. Nessa abordagem, o elemento- have que ontrola os padrões é a atração homotípi a, ou seja, a tendên ia de élulas invasivas de per orrerem trajetórias previamente exploradas. Esta atração homotípi a é um tipo de

3.4 Modelos de Multies ala ou Híbridos

Figura 3.6:

27

Comparação de uma imagem mi ros ópi a de um gliobastoma humano

em ultura (à esquerda) om um dos resultados de simulação do modelo de Sander e Deisboe k (à direita). Figuras retiradas de [64℄.

quimiotaxia (movimento dire ionado por gradientes quími os) em que a élulas se retam um agente solúvel que atrai outras élulas. Ela também pode ser ausada pelo dano do te ido por élulas invasoras, que riam vias pelas quais outras élulas podem seguir mais fa ilmente. O modelo foi estudado por meio de duas abordagens. Na primeira, um onjunto de equações de reação-difusão foi usado para des rever as on entrações de élulas

an erosas, nutrientes e do fator de atração homotípi o, que é produzido pelas élulas móveis do tumor. Para saber se as rami ações observadas experimentalmente (gura 3.6(a)) poderiam ser formadas nessa versão ontínua, foi feita uma análise de estabilidade no modelo. Foi identi ada uma instabilidade intrínse a, que leva a formação de padrões rami ados na zona de invasão do tumor. A outra abordagem utilizada para investigar a formação das rami ações nos tumores foi um modelo híbrido, que ombina uma des rição dis reta para a expansão da zona invasiva e um modelo ontínuo para a on entração de nutrientes. O modelo foi estudado na rede quadrada om onstante de rede igual ao diâmetro

elular.

A ada sítio da rede é atribuído um valor

sítio estiver o upado por uma élula an erosa ou substituídos por um úni o ampo es alar

n

0

c

que pode ser igual a

1

se o

aso ontrário. Os nutrientes são

dado pela solução esta ionária da seguinte

equação de difusão resolvida na mesma rede usada para des rever as élulas,

∂n = D∇2 n − α(n)c, ∂t

(3.12)

28

Modelando tumores

na qual o último termo orresponde ao onsumo de nutrientes pelas élulas an erosas e

α(n)

é dado por

α(n) = em que

n0

(

n ≤ n0

α0 n/n0

, se

α0

, aso ontrário

(3.13)

é uma on entração de saturação ara terísti a. A ondição de ontorno

na superfí ie do nú leo entral é

n = 0

e longe do tumor

n = n∞ ,

em que

n∞

é a

on entração de nutrientes introduzida no iní io do experimento. A on entração de nutrientes é normalizada por

N = n/n∞ .

Cada élula pode mover-se para algum sítio vizinho vazio om uma taxa

1,

a menos que ela esteja em um gradiente de nutrientes ou sob atração homotípi a.

Se a élula estiver em um gradiente de

N,

w(N) = γ3 (3N + 1)−2 ∇N, se

w(0) =

∇N ,

o gradiente numéri o de

N

(3.14)

naquela direção, é positivo. A intensidade da qui-

miotaxia é ontrolada pelo parâmetro

γ3

e o segundo fator vem da lei dos re eptores.

Para a atração homotípi a, são mar ados os sítios previamente visitados e as taxas de movimento nesses sítios são multipli adas por

γ1 .

Para reproduzir os resultados

experimentais om esferóides multi elulares (gura 3.6 à esquerda), as simulações têm

omo ondição ini ial um dis o de élulas imóveis e er a de

100

élulas móveis irre-

gularmente distribuídas em torno dele. Ao longo do res imento, élulas imóveis om pelo menos um vizinho vazio podem se dividir e o upar um desses vizinhos. Sem quimiotaxia nem atração homotípi a, as élulas per orrem aminhadas aleatórias, gerando um padrão ompa to que não representa os padrões observados experimentalmente. Com atração homotípi a e quimiotaxia fortes os agregados apresentam uma zona de élulas dispersas, que apenas sugere a formação de adeias elulares. A gura 3.6 à direita é o resultado de quimiotaxia e atração homotípi a muito fortes e nela pode-se observar rami ações relativamente bem-denidas. Além desse resultado, o modelo permite explorar e analisar as transições entre os diferentes regimes de

res imento. Um dos aspe tos interessantes desse modelo é a sua onstrução que onsidera apenas aspe tos biológi os bem fundamentados e a utilização de parâmetros determinados experimentalmente. Entretanto, falta um estudo mais detalhado prin ipalmente do tratamento dado à atração homotípi a e a in lusão de aspe tos importantes omo, por exemplo, a elasti idade do te ido que envolve o tumor.

3.5 Modelos para viroterapia 3.5

29

Modelos para viroterapia Provavelmente, o primeiro modelo para a propagação de vírus entre élulas foi

proposto por Oels hläger [65℄ em

1992.

Ele onstruiu um modelo esto ásti o para

a dispersão espa ial das partí ulas de vírus e sua propagação em uma população de

élulas. O estudo espe í o do res imento de tumores infe tados om vírus on olíti os

omeçou em

2001

om Wu et al. [66℄ e Wodarz [67℄. Em

2003

Friedman e Tao [68℄

propuseram outro modelo, baseado no proposto por Wu et al. As prin ipais diferenças entre esses dois modelos são o termo de difusão para a densidade de vírus que Friedman e Tao introduziram e o termo rela ionado à infeção das élulas an erosas. Ferreira et al. [12℄ simularam viroterapia a res entando o tratamento ao modelo híbrido previamente proposto por eles [69℄ para o res imento de tumores primários. Nessa abordagem, as

élulas têm uma des rição dis reta, enquanto os nutrientes e os vírus são tratados omo quantidades ontínuas.

3.5.1

Modelo de Wu et al. Wu et al. [66℄ propuseram em

2001 um modelo baseado em equações diferen iais

par iais para des rever o res imento de tumores radialmente simétri os infe tados om vírus on olíti os. O tumor é modelado omo um uido in ompressível, no qual as élu-

u(r, t),

las movem-se através de um ampo onve tivo uja velo idade,

é denida pelas

variações espaço-temporais na proliferação e na remoção elulares. São denidas equações para a evolução das variáveis dependentes

y(r, t) R(t)

( élulas tumorais infe tadas),

n(r, t)

x(r, t) ( élulas tumorais não-infe tadas),

( élulas ne róti as),

v(r, t)

(vírus livres) e

(raio do tumor). A densidade total de élulas é onsiderada onstante. Assumiu-se que a taxa de infe ção das élulas entradas em

r

é propor ional ao

produto da on entração de élulas não-infe tadas e a média espa ial da on entração de vírus na superfí ie de uma esfera de raio rc entrada em sofrem lise a uma taxa

δ

do tumor a uma taxa

µ.

r.

Todas as élulas infe tadas

e, após sofrer lise, elas se tornam ne róti as e são removidas Quando um élula infe tada morre,

são liberadas uniformemente através de uma esfera de raio vírus é tratada omo uma onstante

γ.

rc .

N

partí ulas de vírus

A taxa de remoção dos

Neste modelo, o vírus não se move por difusão

ou onve ção, ele é apenas transportado pela élula. Entretanto, os três tipos elulares se movem através de um ampo de onve ção. Foram impostas simetria radial e ondições de Neumann na origem para as

30

Modelando tumores

élulas tumorais infe tadas, não-infe tadas e para os vírus e na borda do tumor para os vírus, pois eles não es apam do tumor, uma vez que não difundem nem se movem por

onve ção. Foram onsiderados três tipos de administração dos vírus: injeção apenas na borda do tumor ( orrespondendo à via intravenosa, ou seja, os vírus são injetados na

orrente sanguínea e infe tam primeiro as élulas na borda do tumor), injeção apenas na região mais interna do tumor e intratumoral uniforme (ou seja, vírus são injetados uniformemente em todo o tumor). No aso da injeção uniforme om o onjunto de parâmetros estimados pelos autores, o raio do tumor res e ini ialmente, atinge um máximo er a de uma semana após a injeção e então diminui exponen ialmente. Este omportamento não depende da fração de élulas tumorais ini ialmente infe tadas e do raio ini ial do tumor quando a viroterapia omeça. Guiados por esses resultados, os autores usaram uma aproximação de estados quase-esta ionários e também negligen iaram a dependên ia espa ial, reduzindo o modelo a um sistema de equações diferen iais ordinárias. A on ordân ia entre as urvas de evolução do raio do tumor na versão original e na simpli ada é mostrada na gura 3.7(a) e indi a que o modelo simpli ado é uma boa aproximação no aso da injeção uniforme. Para essa versão simpli ada, as densidades de élulas infe tadas e não-infe tadas sofrem os ilações amorte idas antes de atingirem seus estados esta ionários, omo mostrado na gura 3.7(b). Para a injeção apenas na região entral do tumor, as ondições ini iais são de isivas para o ontrole do tumor.

Se a espessura da borda não-infe tada é su i-

entemente pequena, observa-se ini ialmente que a onda de infe ção é mais rápida que o res imento do raio do tumor. Assim, a onda de infe ção atinge a borda do tumor e, em tempos longos, o tumor é extinto. Novamente foi usada uma aproximação espa ialmente homogênea e, nessa versão, foram determinados os três omportamentos observados (o tumor pode res er exponen ialmente, atingir um tamanho onstante ou ser erradi ado) em função da espessura ini ial da borda não-infe tada. Para a injeção apenas na borda do tumor, as ondições ini iais também são importantes. Neste aso, o orre uma ompetição entre a propagação da onda de infe ção para dentro do tumor e a sua expansão radial. Observou-se que vírus livres tendem a se a umular na região entral do tumor, aparentemente devido a propagação da onda de infe ção que permite que os vírus penetrem nessa região e a baixa velo idade onve tiva lo al das élulas que os mantém onnados.

Esses vírus onnados podem

ausar uma segunda onda de infe ção de dentro para fora do tumor, o que é su iente para ontrola-lo. Neste aso também foi usada uma análise via equações diferen iais

3.5 Modelos para viroterapia

(a)

31

(b)

Figura 3.7: (a) Evolução do raio do tumor no modelo de Wu et al. om a abordagem via EDP's (linha ontínua) e na versão simpli ada (linha pontilhada) quando os vírus são uniformente distribuídos sobre o tumor. Em (b) é mostrada a evolução de élulas infe tadas (linha pontilhada) e não-infe tadas (linha ontínua) para a versão simpli ada. Note a presença de os ilações amorte idas antes do estado esta ionário. Figuras extraídas da referên ia original [66℄.

ordinárias e os omportamentos foram ara terizados em função da espessura da borda ini ialmente infe tada. Os resultados de Wu et al. mostram que a injeção apenas na borda do tumor é laramente mais e iente que aquela apenas no entro quando a segunda onda de infeção é onsiderada e, mesmo sem essa segunda onda, em alguns asos a injeção na borda é mais e az. Foi onsiderada também a morte por ne rose, ou seja, limitada por nutrientes. Neste aso, os resultados sugerem que a injeção apenas na borda do tumor é mais e iente que a injeção no interior do tumor, pois enquanto no primeiro aso a ne rose e a lise se omplementam, no segundo elas são redundantes. Wein et al.

estudaram posteriormente este modelo em três dimensões [70℄ e,

neste aso, a apa idade dos vírus infe tarem élulas distantes da região onde a viroterapia foi administrada é drasti amente reduzida omparada à mono amada elular (duas dimensões). Mas se a viroterapia for administrada de uma forma extremamente agressiva geogra amente, ou seja, se os vírus forem distribuídos por todo o tumor e algum imunossupressor e iente for administrado em onjunto, o tumor é erradi ado. Eles in luiram ainda a resposta imune no modelo [71℄, por meio de uma equação

32

Modelando tumores

diferen ial par ial. O modelo prevê que o tumor não pode ser ontrolado na presença do sistema imune. Para que os resultados do modelo reproduzissem os dados experimentais, foi onsiderado um atraso temporal na resposta do sistema imune aos vírus. Os resultados desse trabalho pre isam ser analisados om muita autela, pois a estimativa de vários parâmetros foi feita a partir de dados de um úni o pa iente, que os autores alegam ser representativo.

3.5.2

Outros modelos para viroterapia A partir do modelo de Wu et al., Friedman e Tao [68℄ propuseram outro modelo

matemáti o para des rever a evolução de tumores sob viroterapia. Eles a res entaram um termo de difusão para a densidade de vírus e alteraram o termo de infe ção. Enquanto no modelo de Wu et al. este termo envolve a densidade viral integrada sobre a superfí ie das élulas, na proposta de Friedman e Tao este termo é a taxa de liberação de vírus multipli ada pela densidade de élulas tumorais infe tadas. Friedman e Tao mostraram que, se as densidades ini iais de élulas infe tadas

ys

e não infe tadas

( om

δ < µ,

em que

xs δ

são aproximadamente iguais a

0

e

1 − δ/µ

é a taxa de morte de élulas infe tadas e

µ

, respe tivamente

é a taxa de remoção

de élulas ne róti as), então, para a administração de uma densidade de vírus

(δ/γ)ys (γ

é a taxa de remoção dos vírus), o raio do tumor irá de res er monotni a e

exponen ialmente a zero quando Em

vs ≃

2005,

t → ∞.

Tao e Guo [72℄ estudaram o modelo de Wu et al. [70℄ om interação

entre élulas tumorais, vírus on olíti os e o sistema imune. Eles zeram uma análise matemáti a mais rigorosa do modelo e a res entaram termos difusivos às densidades de vírus e de resposta imune. Também investigaram os efeitos de um atraso imune no res imento do tumor.

ríti o

τ0

τ

da resposta

Eles provaram analiti amente que existe um valor

para esse atraso tal que o sistema apresenta solução periódi a se

Posteriormente, Friedman et al.

τ > τ0 .

[73℄ estudaram o efeito do sistema imune e

sua supressão, a res entando ao modelo anterior as élulas do sistema imune inato e o agente imunossupressor i lofosfamida. Portanto, os vírus podem ser destruídos pelas

élulas do sistema imune. Os parâmetros foram estimados para on ordar om resultados experimentais para gliomas, enquanto no modelo de Wu et al. [66℄ foram usados dados de tumores do pes oço e da abeça, muito menos agressivos que gliomas. Na gura 3.8(A) são mostrados os resultados de simulação e experimentais em amundongos para o número de élulas infe tadas sem a administração do imunossupressor em

3.5 Modelos para viroterapia

Figura 3.8:

33

Dados experimentais versus resultados de simulação. (A), élulas tumorais

infe tadas sem i lofosfamida; (B), élulas do sistema imune sem i lofosfamida; (C),

élulas do sistema imune om o imunossupressor.

1,

após

6

horas;

2,

após

72

horas;

3,

antes dos amundongos morrerem. Grá o extraído da referên ia original [73℄.

dois instantes de tempo. Em 3.8(B) são apresentados os resultados para a por entagem de élulas do sistema imune sem o pré-tratamento om i lofosfamida. Na gura 3.8(C) são mostrados os dados experimentais, quando i lofosfamida é administrada e a orrespondente simulação numéri a.

Apenas após

72h

desde a administração os

resultados experimentais e do modelo apresentam dis repân ia. A  arga viral, ou o número de vírus produzidos a partir de uma úni a élula infe tada, é um parâmetro importante do modelo e varia largamente om o vírus onsiderado. Para o vírus HSV selvagem, ela é da ordem de milhares; entretanto, para o vírus on olíti o do vírus

hrR3

hrR3,

ela varia de

10

a

100.

O modelo mostrou que om a arga viral

o tumor não pode ser erradi ado om o tratamento om i lofosfamida;

de fato, o raio do tumor res e e os amundongos morrem em pou as semanas. Se o vírus puder ser alterado para ter arga viral

b > 150

então o tumor ontrair-se-á para

um pequeno tamanho mesmo sem o tratamento om i lofosfamida. Contudo, um tratamento om i lofosfamida ainda será importante pois ela reduz a por entagem de

élulas não-infe tadas, reduzindo portanto o ris o de tumores se undários.

CAPÍTULO 4 Cres imento isotrópi o do modelo de Eden em redes O modelo de Eden, introduzido no apítulo 3, é um modelo dis reto que pode ser usado para simular tumores avas ulares. Simulações desse modelo em redes regulares são mais simples que simulações fora da rede, mas a rede impõe anisotropia aos agregados gerados. Neste apítulo será apresentada uma estratégia para reduzir essa anisotropia no modelo de Eden, baseada no algoritmo generalizado proposto por Alves

Diusion-Limited Agregation ).

e Ferreira [74℄ para o modelo DLA (

Nossas simulações

usando essa estratégia não identi aram anisotropia nos padrões gerados, forne endo resultados em on ordân ia om aqueles obtidos em simulações fora da rede.

4.1

Introdução Modelos dis retos, simulados em redes regulares são úteis devido à fá il imple-

mentação omputa ional mas, em geral, esses modelos são muito sensíveis à anisotropia intrínse a da rede. Isso torna-se evidente em modelos res idos a partir de uma úni a partí ula (uma semente) e por isso análises de es ala da interfa e nesses modelos são muito menos freqüentes que em modelos de deposição nos quais o res imento o orre a partir de uma superfí ie lisa. Padrões de res imento para os dois tipos de ondições ini iais são mostrados na gura 4.1. Contudo, agregados obtidos a partir de uma úni a partí ula também são freqüentes na natureza e a análise de seus ontornos pode forne er informações valiosas sobre seus omportamentos dinâmi os.

Re entemente,

a análise de es ala tem sido apli ada a problemas importantes omo o res imento 34

4.1 Introdução

35

de alguns tipos de tumores [75, 76, 77℄. No aso parti ular do modelo de Eden om

Figura 4.1:

Modelo de Eden B res ido na rede quadrada usando duas ondições

ini iais diferentes: (a) uma semente no entro da rede e (b) uma super ie lisa. No primeiro aso o agregado possui

2662

partí ulas e, no segundo,

6203

partí ulas.

ondição ini ial dada por uma semente, as estruturas obtidas possuem simetria aproximadamente radial e a dinâmi a do modelo é restrita à borda.

Portanto podemos

fazer uma analogia om o res imento a partir de uma superfí ie e onsiderar o tempo propor ional ao raio médio de tamanho

L,

r.

Para sistemas res endo a partir de uma interfa e lisa

geralmente a largura da interfa e ou rugosidade

mes distintos separados por um tempo de saturação

ts ,

w

possui dois regi-

omo ilustrado na gura 4.2.

Ini ialmente, a rugosidade aumenta omo uma lei de potên ia dada por

w ∼ tβ O expoente

β

t ≫ ts ,

(4.1)

a rugosidade entra em um regime de saturação que depende

L, w ∼ Lα

em que o expoente

ts

t ≪ ts .

ara teriza a dependên ia om o tempo e é onhe ido omo expoente de

res imento. Para de

para

para

t ≫ ts ,

(4.2)

α é onhe ido omo expoente de rugosidade.

O tempo de saturação

também depende do tamanho do sistema, seguindo a lei de potên ia

ts ∼ Lz .

(4.3)

Pode-se mostrar que a rugosidade segue a lei de es ala de Family-Vi sek [78℄,

α

w(L, t) = L f



t Lz



,

(4.4)

36

Cres imento isotrópi o do modelo de Eden em redes

ts

w ~ ws

β

w

w~t

10

0

0

10

10

2

1

10

10

t

3

4

10

Figura 4.2: Grá o em es ala logarítmi a típi o para a evolução da rugosidade. Ini ialmente, a rugosidade aumenta omo uma lei de potên ia e permane e aproximadamente

onstante após o tempo de saturação.

Uma forma apropriada para a função de es ala

f (x) ∼

(

f (x)

é



para

x≪1

onstante

para

x≫1

(4.5)

Dada a função de es ala 4.5 é possível determinar uma relação entre os expoentes

α, β

e

z.

Aproximando do ponto (ts , w(ts )) na gura 4.2 pela esquerda,

w(ts ) ∼ tβs ∼ Lβz .

(4.6)

E aproximando-se do mesmo ponto pela direita obtém-se

w(ts ) ∼ Lα .

(4.7)

βz = α.

(4.8)

Dessas duas relações, obtemos

Essa relação é válida para qualquer pro esso de res imento que obedeça à relação de es ala 4.4. O onjunto de expoentes

(α, β)

dene uma lasse de universalidade e pode re-

velar propriedades fundamentais da dinâmi a da interfa e. Simulações do modelo de Eden res ido a partir de um substrato liso [52, 79, 80℄ mostram que o modelo perten e a lasse de universalidade KPZ (Kardar-Parisi-Zang) [81℄. Entretanto, Zabolitzky e Stauer [82℄ simularam a versão Eden A na rede quadrada e mostraram que para

4.1 Introdução

37

tamanhos pequenos, um expoente próximo ao da lasse KPZ era obtido (β

≈ 1/3),

enquanto para agregados assintoti amente grandes uma dependên ia linear no tempo era observada (β

→ 1).

β →1

O valor

é devido a forma do agregado imposta pela

rede quadrada [83℄. Wang et al. [84℄ zeram simulações fora de rede e obtiveram o expoente

0.396,

β =

que eles sugeriram ser próximo ao da lasse KPZ. Este expoente foi obtido

tomando o entro de massa da borda do agregado omo origem para o ál ulo da rugosidade. Entretanto, Ferreira e Alves [85℄ mostraram que este expoente é devido a utuações do entro de massa da borda e que, quando a semente ini ial é usada

omo origem, o expoente KPZ é obtido.

Pro edimentos que permitam diminuir a

inuên ia da rede em modelos de res imento omo o de Eden seriam úteis também para obter o expoente assintóti o sem tanto esforço omputa ional quanto é ne essário em simulações fora de rede.

Como nem sempre a anisotropia imposta pela rede é

óbvia, usa-se o método de redução de ruído para eviden iar essas direções preferen iais de res imento.

4.1.1

O modelo de Eden om redução de ruído Um pro edimento omumente usado para eviden iar a anisotropia de agregados

é a redução de ruído, que onsiste em asso iar um ontador a ada sítio vazio da rede que é aumentado em uma unidade sempre que o sítio é es olhido para res er. Um sítio é o upado somente após ter sido sele ionado

m

vezes. Esse pro edimento eviden ia a

anisotropia imposta pela rede pois privilegia a o upação dos sítios que possuem maior probabilidade de serem o upados. A apli ação do método de redução de ruído ao modelo de Eden foi feita por Bat helor e Henry [83℄. medida que

m aumenta.

Eles mostraram a variação na morfologia dos agregados à No aso

m = 1 (sem redução de ruído) os agregados adquirem

uma forma aproximadamente ir ular om o aumento do número de partí ulas

aso

m → ∞,

N

e, no

mesmo para simulações om pou as partí ulas, a forma dos agregados

tende à de um losango (em duas dimensões). Na gura 4.3 podem ser vistos agregados bidimensionais gerados usando-se diferentes valores para o parâmetro

m.

Podemos

notar que os efeitos de anisotropia tornam-se mais evidentes à medida que o parâmetro

m

é aumentado.

38

Cres imento isotrópi o do modelo de Eden em redes

Figura 4.3:

Exemplos de agregados de Eden gerados usando-se diferentes valores para

o redutor de ruído:

m = 20

(sem redução de ruído),

foram obtidas usando-se redes de tamanho

4.2

m = 25

,

m = 214 .

As estruturas

100 × 100.

Regra de res imento generalizada Agora será proposta uma nova estratégia para o res imento de agregados iso-

trópi os do modelo de Eden na rede sem alterar sua lasse de universalidade [10℄. Ela

Diusion-Limited Agrega-

é baseada em um algoritmo generalizado do modelo DLA (

tion )

[86, 51, 52℄ na rede proposto por Alves e Ferreira [74℄ a partir do trabalho de

Bogoyavlenskiy [87℄.

Para tentar remover a anisotropia dos agregados res idos em

redes, a probabilidade de o upação de ada sítio es olhido é propor ional ao número

k

de vizinhos o upados deste sítio, ou seja,

 ν k . Pk = 4 Para de

ν

ν = 0 o modelo de

(4.9)

Eden original é re uperado e esperamos obter um valor ríti o

que minimize a anisotropia. O valor no denominador é o número de oordenação

(número de primeiros vizinhos de um sítio qualquer) da rede quadrada. Usando esse algoritmo, a ada passo de tempo um sítio de periferia é es olhido

om igual probabilidade e um dos seus vizinhos vazios es olhido ao a aso irá res er

om probabilidade para res er.

Pk ,

em que

k

é o número de vizinhos o upados do sítio es olhido

Caso a probabilidade indique a favor da o upação, adi ionamos

ontador deste sítio. Apenas quando o ontador for igual ao parâmetro o upado.

m

1

ao

o sítio será

4.3 Resultados

39

(a)

Figura 4.4:

ν = 0.51

4.3

(b)

(c)

Padrões res idos em redes de tamanho

e ( )

ν = 1.

Redutor de ruído

m = 214

100 × 100

para (a)

ν = 0,

(b)

foi usado em todos os asos.

Resultados É importante ressaltar que para fazer simulações em larga es ala do modelo de

Eden é ne essário um algoritmo otimizado. A prin ipal otimização que implementamos para reduzir a alo ação de memória foi usar uma matriz

L × L/8

pois a menor variável inteira na linguagem FORTRAN o upa

em vez de uma

1

byte,

ou seja,

L × L, 8

bits.

Uma vez que o modelo possui apenas sítios vazios e o upados, o estado de ada sítio pode ser representado por um

bit.

Para omeçar o estudo do modelo, apli amos a té ni a de redução de ruído para eviden iar a anisotropia nos padrões. Na gura 4.4 são mostradas as bordas de agregados gerados om uma redução de ruído

m = 214 .

Pode-se notar que há uma transição

entre agregados om anisotropia axial para estruturas om anisotropia diagonal. Estamos interessados no valor de

ν

no qual esta transição o orre e o agregado obtido

é o togonal (gura 4.4(b)). A rugosidade da borda dos padrões forne e uma medida da dispersão dos sítios de periferia em torno do raio médio do agregado.

Portanto,

esperamos que no ponto onde houver a transição, omo o agregado será isotrópi o, a rugosidade será mínima. Para ada valor de redes

ν

simulado foram res idos

100×100 no limite sem ruído.

10

agregados independentes em

Foram feitas médias sobre a rugosidade

w0 de ada

um desses agregados e os resultados são mostrados na gura 4.5(a). Há um mínimo global em

νc

νc = 0.507±0.005.

Na gura 4.5(b) apenas a região em torno do valor ríti o

é mostrada e o erro foi estimado através da extrapolação dos dados dessa gura A transição também pode ser observada nas simulações sem redutor de ruído,

omo pode ser visto na gura 4.6. Nesta gura, foram desenhados ír ulos de diâmetro

40

Cres imento isotrópi o do modelo de Eden em redes (a)

(b)

9

2,12

8

2,08

6

w0

w0

7

5 4

2,04

3 2 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9

2,00

0,500 0,505 0,510 0,515 0,520

ν

Figura 4.5:

ν

(a) Rugosidade para o modelo Eden B no limite sem ruído (m

urvas orrespondem a médias feitas sobre

10

amostras em redes

mostrada apenas a região próxima ao valor ríti o

L

= 214 ).

100 × 100.

As

Em (b) é

νc .

entrados na semente e mostramos apenas o primeiro quadrante das bordas dos

agregados para eviden iar a transição de padrões om simetria axial (g. 4.6 (a)) para simetria diagonal (g. 4.6( )). Porém, a transição o orre em

νc ≈ 1, um valor diferente

daquele en ontrado no limite sem ruído, omo também observado por Alves e Ferreira para o modelo DLA [74℄. Para estimar quantitativamente o valor de

νc ,

analisada. Foram res idos agregados om mais de

64000 × 64000

a evolução da rugosidade

4 × 10

9

w0

foi

partí ulas em redes om

sítios. Essas simulações são quatro vezes maiores que as previamente

publi adas [82℄. Na gura 4.7, a rugosidade é mostrada em função do raio médio para valores de

ν

próximos de

(gura 4.7(a)) e

ν > 1.0

1.

As urvas apresentam urvaturas positivas quando

(gura 4.7(b)), enquanto para

lei de potên ia. Além disso, em

ν ≈1

o expoente

para a lasse de universalidade KPZ, ou seja,

β

ν = 1.0

ν < 1.0

observamos uma úni a

está muito próximo ao esperado

β = 1/3.

Para determinar o ponto de urvatura nula, que orresponde a ausên ia de anisotropia, ajustamos polinmios úbi os

P3 (r)

ao logaritmo dos dados e al ulamos

a urvatura média, denida por

1 κ= log10 rf − log10 ri

Z

log10 rf

log10 ri

κ(r)dr,

(4.10)

4.3 Resultados

41 (b)

(a)

Figura 4.6:

Bordas de agregados res idos em redes

redução de ruído) e (a)

ν = 0,

(b)

ν = 1.0

e ( )

(c)

104 × 104

ν = 2.0.

om

m = 1 (ou seja, sem

Apenas o primeiro quadrante

é mostrado e as linhas pontilhadas representam ír ulos de diâmetro

L

usados para

eviden iar os desvios da forma ir ular.

em que

ri

e

rf

são os limites inferior e superior dos dados usados no ajuste úbi o,

respe tivamente, e

κ(r)

é a urvatura lo al denida por

κ(r) =

P3′′ [1 + (P3′ )2 ]3/2

.

(4.11)

A urvatura média é mostrada omo uma função de

ν − νc

observamos uma variação abrupta em torno do mínimo de o orre entre se

ν = 0.999

β = 0.325 ± 0.017 e

e

ν = 1.001,

obtem-se

na gura 4.8, na qual

κ.

νc = 1.000 ± 0.001.

Como o mínimo de Para

ν = 1.0,

κ

obtem-

a in erteza nesse expoente foi obtida onsiderando as utuações

da in linação lo al em partes distintas da urva da rugosidade. Este valor está próximo ao da lasse de universalidade KPZ, omo esperado para o modelo de Eden original. É muito importante observar que a es olha da origem inuen ia na análise de es ala da interfa e, omo mostrado re entemente para o modelo de Eden fora da rede [85℄.

Em parti ular, se a rugosidade é al ulada em relação ao entro de massa da

borda (CM), obtem-se

βCM ⋍ 2/5

[85℄, que difere do expoente da lasse KPZ obtido

quando a semente ini ial é usada omo origem. Esta diferença está asso iada ao fato das utuações do entro de massa da borda res erem mais rapidamente que as utuações da interfa e.

Na gura 4.9 as rugosidades

w

e

wcm

são mostradas omo funções do

raio médio. A diferença entre os dois expoentes de res imento é evidente, em a ordo

om os resultados obtidos fora de rede [85℄.

A distân ia média do entro de massa

da borda da semente apresenta dois regimes em lei de potên ia, sistemas pequenos e

RCM ∼ r

0.46

RCM ∼ r 0.26

para

para sistemas grandes, novamente de a ordo om as

42

Cres imento isotrópi o do modelo de Eden em redes

w

10

10

ν=0.9 ν=0.99 ν=1.0

10

10

(a)

2

1

ν=1.01 ν=1.1

10

0

10

1

10

2

_10

3

r

10

10

4

(b)

2

1

0

10

1

10

2

_103

r

10

4

Figura 4.7: Largura da interfa e em função do raio médio do agregado para valores distintos de

ν.

Em (a) são mostradas as urvas para

mostradas aquelas para

ν > 1.

ν ≤ 1

enquanto em (b) são

As linhas pontilhadas representam

w ∼ t1/3 .

simulações fora de rede. A análise da rugosidade dos agregados para en ontrar o valor ríti o

νc

que

minimiza a anisotropia também foi feita para a versão Eden A. No limite sem ruído, observa-se a transição de agregados om simetria axial para diagonal observada no Eden B, in lusive o mínimo da rugosidade o orrendo em de ruído, o ritério de urvatura nula forne e

νc ≈ 0.51.

Entretanto, sem redução

νc = 1.72 ± 0.01,

que aquele observado para a versão B. A pre isão em

νc

um valor muito maior

no modelo Eden A é menor que

no Eden B porque, no primeiro modelo, a onvergên ia para os expoentes assintóti os é mais lenta e, além disso, o valor de

νc

é maior, ou seja, a freqüen ia de tentativas

re usadas é maior ao longo das simulações, tornando-as mais lentas. A diferença entre os valores de

νc

para os modelos Eden A e B pode ser entendida analisando a fração

de sítios de res imento om

k

Qk

vizinhos o upados. Considerando a anisotropia da rede

quadrada, podemos on luir que os sítios de res imento om anisotropia axial, enquanto aqueles om

k = 2

k=1

e

k=3

produzem

geram anisotropia diagonal e os om

k = 4 não ontribuem para a anisotropia do padrão.

Considere a gura 4.10, em que os

sítios em preto orrespondem a sítios o upados. O sítio

1 possui dois vizinhos o upados.

Logo, se ele é o upado, o orre um res imento do agregado na direção diagonal. No aso

4.3 Resultados

43

10

-1

κ

|

10

-2

-0,12

-0,08

-0,04

0

0,04

0,08

0,12

∆ Figura 4.8: de potên ia

dos sítios

2

Curvatura média omo função de

κ ∼ (−∆)

e

3,

0.57

e

0.78

κ∼∆

que possuem

1

3

e

para

∆ = ν − νc .

∆ 0,

As linhas sólidas são leis

respe tivamente.

vizinhos o upados, respe tivamente, o res imento

seria na direção verti al, ou seja, sua o upação ontribui para a anisotropia axial. A análise das distribuições revela que

Q1 + Q3 > Q2

nas duas versões estudadas e que a

diferença entre as probabilidades de res imento diagonal e axial é maior no Eden A que no Eden B, o que justi a o valor de

νc

mais alto en ontrado para o Eden A.

Poderiamos supor que se a probabilidade de res imento diagonal ex ede a axial, o orreria a rotação da anisotropia. Analisamos a diferença entre elas usando a relação

δν = 4ν (Paxial − Pdiagonal ) = Q1 (ν) + 3ν Q3 (ν) − 2ν Q2 (ν). O omportamento de

ν = ν⋆

para os quais

δν

em função de

δν = 0,

ν

(4.12)

é mostrado na gura 4.11. Note que os valores

ou seja, quando as probabilidades de res imento axial

e diagonal igualam-se, são um pou o maiores que os orrespondentes valores ríti os

νc .

Apesar da diferença

ν ⋆ − νc

ser pequena, ela é lara, pois os respe tivos desvios

da urvatura nula são evidentes na gura 4.8. Portanto, o res imento isotrópi o de agregados de Eden não pode ser expli ado apenas pela equivalên ia entre res imentos diagonal e axial. Mas a análise de de

L = 400)

δν × ν

ainda é útil, pois redes pequenas (da ordem

são su ientes para estimar o valor aproximado de

νc ;

número de simulações em larga es ala ne essárias para obter o valor de do omportamento da rugosidade

diminuindo o

νc

via análise

44

Cres imento isotrópi o do modelo de Eden em redes (a)

(b)

WCM W0

1

1

10

w

RCM

10

0

0

10

10 1

10

Figura 4.9:

2

10

3

_10

r

10

4

0

10

1

10

2

10 _

r

3

10

4

10

Largura da interfa e onsiderando a distân ia ao entro da rede (w ) e a

distân ia ao entro de massa da borda do agregado (wCM ) (ambas mostradas em (a)) e distân ia média do entro de massa à semente ini ial (b) omo funções do raio médio para

ν = 1.

As retas são ajustes em lei de potên ia e as médias foram feitas sobre

120

amostras.

4.4

Con lusões A estratégia apresentada nesse apítulo é uma ferramenta útil para modelar

experimentos om simetria radial, uma vez que modelos simulados em redes podem ser mais fa ilmente generalizados. Um exemplo muito importante é o estudo da dinâmi a de tumores [75, 76℄. Além disso esse algoritmo pode ser apli ado a outras variações do modelo de Eden, omo por exemplo a uma versão que in lui a probabilidade de migração para as élulas.

4.4 Con lusões

45

2 3

1

Figura 4.10:

Na simulação do modelo de Eden na rede quadrada, a o upação dos

sítios de res imento om

1

ou

3

vizinhos o upados (sítios

axial, enquanto a o upação dos sítios om

2

e

3)

produz anisotropia

2 vizinhos o upados (sítio 1) gera anisotropia

diagonal.

0.04

Eden A Eden C

δν

0.02

0.00

-0.02

-0.04 0.8

1.0

1.2

ν

1.4

1.6

1.8

Figura 4.11: Diferença entre os res imentos diagonal e o axial. As linhas pontilhadas verti ais indi am o valor foram feitas sobre

1000

νc

para o modelo Eden B e para o Eden A. As médias

amostras de tamanho

L = 400.

É importante ressaltar que os

histogramas permane em essen ialmente inalterados om o aumento do tamanho do sistema.

CAPÍTULO 5 Modelo de multies ala para viroterapia em tumores avas ulares Essen ialmente todos os tumores passam por um estágio de res imento avas ular, no qual o suprimento de nutrientes é feito apenas por difusão. Nesse estágio, quando o tumor está onnado ao seu te ido de origem e não teve a esso ao sistema vas ular, ele é denominado ân er

in situ.

Para modelar ar inomas

in situ, Ferreira et al.

[11℄ propuseram uma abordagem de multies ala em um modelo que ombina equações de reação-difusão des revendo a on entração de nutrientes om regras esto ásti as mi ros ópi as para as ações de élulas tumorais individuais. O modelo gera morfologias

ompa tas, onexas e des onexas ara terizadas por um res imento Gompertziano no tempo e leis de es ala distintas para as bordas dos tumores.

Posteriormente foram

estudadas quimioterapia [62℄ e viroterapia [12℄ apli adas a esse modelo. Neste apítulo serão apresentados um resumo dos resultados previamente obtidos no modelo de res imento avas ular, bem omo o modelo para viroterapia que será dis utido em detalhes. Nossa ontribuição neste trabalho é a ara terização uidadosa dos omportamentos exibidos pelo modelo de viroterapia, por meio de uma análise detalhada dos diagramas de fases no espaço de parâmetros do modelo. É importante men ionar que essa análise não foi apresentada no trabalho original [12℄.

5.1

Modelo para o res imento de ar inomas in situ O modelo in lui proliferação, mobilidade e morte elular, além da ompetição

por nutrientes entre élulas normais e an erosas. As ações elulares (divisão, movi46

5.1 Modelo para o res imento de ar inomas

47

in situ

mento e morte) são lo almente ontroladas pelo ampo de on entração de nutrientes. Esses nutrientes, que in luem oxigênio, aminoá idos, gli ose, íons metáli os, et ., difundem de um vaso apilar através do te ido e, na sua es assez, a taxa de res imento das élulas an erosas é limitada. Como estamos interessados em estudar a viroterapia, por simpli idade, desprezaremos a probabilidade de movimento das élulas. Essa aproximação justi a-se pelo fato da viroterapia ausar uma grande perturbação na evolução dos tumores, de modo que o efeito da migração, que é muito mais lenta que a difusão dos vírus, torna-se irrelevante.

5.1.1

O te ido A geometria do te ido usada no modelo é parti ularmente adequada a ar ino-

mas, que são ân eres derivados de élulas epiteliais. Pode-se ver na gura 5.1 uma imagem do peritneo, que é um te ido no, que pode ser, dentro de uma boa aproximação, representado por uma rede regular bidimensional. Por simpli idade, será usada uma rede quadrada

(L + 1) × (L + 1)

om onstante de rede

é representada por um vaso apilar em



e a fonte de nutrientes

y = 0.

Figura 5.1: Imagem do peritneo, um te ido que obre a maioria dos órgãos intraabdominais. Figura extraída do site

http://biology. l .u .edu.

Os tumores são sistemas heterotípi os, onstituídos por diferentes subpopulações de élulas além das tumorais, omo élulas do sistema imune, endoteliais e broblastos [2℄.

Entretanto, no modelo, serão onsideradas apenas élulas normais, an erosas

e ne róti as. normal.

A onstante de rede



é aproximadamente o diâmetro de uma élula

Assim, um sítio da rede pode ser o upado por uma úni a élula normal.

48

Modelo de multies ala para viroterapia em tumores avas ulares

Contudo, élulas an erosas podem empilhar umas sobre as outras. sítio pode ser o upado no instante

1),

t

por uma élula normal (neste aso,

uma élula tumoral morta (σd (~ x, t)

(σc (~ x, t)

= 1, 2, 3, ...).

Portanto, ada

= 1)

σn (~x, t) =

ou por uma ou mais élulas an erosas

Várias élulas mortas em um mesmo sítio são onsideradas, por

simpli idade, omo uma úni a élula, uma vez que elas são inertes. São usadas ondições de ontorno periódi as na direção paralela ao apilar (eixo

x)

e

y = L∆

representa a borda do te ido. A ondição ini ial é dada por uma úni a

élula an erosa introduzida no te ido normal em

x = L∆/2,

a uma distân ia

Y

do

1

vaso apilar, em on ordân ia om a teoria lonal do ân er [90℄

5.1.2

Os nutrientes Nutrientes são transportados pelo sistema vas ular e podem difundir-se através

dos te idos até as élulas individuais. Os nutrientes que denominamos essen iais são fundamentais para a divisão elular, mas não são determinantes para a sobrevivên ia da élula. Quando a quantidade de um nutriente essen ial é limitada em um mi roambiente espe í o, a taxa de res imento de uma dada população é ontrolada por sua habilidade em ompetir por esse nutriente [91℄. A alta taxa de proliferação das élulas an erosas as torna espe ialmente vulneráveis à privação de nutrientes. Então, omo proposto no modelo de S alerandi et al. [91℄, os nutrientes foram lassi ados em essen iais e não-essen iais para proliferação, des ritos pelos ampos de on entração

N(~x, t)

e

M(~x, t),

respe tivamente. Estes

ampos obede em às equações

∂N(~x, t) = D∇2 N(~x, t) − γN(~x, t)σn (~x, t) − λN γN(~x, t)σc (~x, t) ∂t

(5.1)

∂M(~x, t) = D∇2 M(~x, t) − γM(~x, t)σn (~x, t) − λM γM(~x, t)σc (~x, t) ∂t

(5.2)

e

nas quais

D

representa o oe iente de difusão dos nutrientes, o segundo termo está

rela ionado ao onsumo de nutrientes pelas élulas normais e o ter eiro ao onsumo de nutrientes pelas élulas an erosas, que difere do onsumo pelas normais pelos fatores

λN

e

λM .

assumiu-se 1A

Como as élulas an erosas têm maior anidade por nutrientes essen iais,

λ N > λM > 1 .

teoria lonal do ân er propõe que a maioria das neoplasias, se não todas, se origina de uma úni a élula.

5.1 Modelo para o res imento de ar inomas

Figura 5.2:

49

in situ

Con entração de nutrientes na ausên ia de élulas an erosas para um

te ido de tamanho

L = 500.

Esses ampos satisfazem ondições de ontorno periódi as na direção paralela ao apilar. As ondições

N(y = 0) = M(y = 0) = K0

foram adotadas representando

o suprimento xo de nutrientes pelo vaso apilar; na borda do te ido foram impostas

ondições de Neumann (uxo nulo).

Para es rever as equações anteriores em uma

forma mais simples, as seguintes variáveis adimensionais são denidas

Dt t = 2 ∆ ′

,

~x x~′ = ∆

,

N N = K0 ′

,

M M = K0 ′

e

r γ α=∆ D

(5.3)

As equações 5.1 e 5.2 podem então ser rees ritas, omitindo os apóstrofes, omo

∂N = ∇2 N − α2 Nσn − λN α2 Nσc ∂t

(5.4)

∂M = ∇2 M − α2 Mσn − λM α2 Mσc ∂t

(5.5)

e

A ondição de ontorno no vaso apilar torna-se

∆=1é

N(y = 0) = M(y = 0) = 1

e o valor

denido. As soluções analíti as para a on entração de nutrientes na ausên ia

de élulas an erosas são mostradas na gura 5.2. Pode-se notar que o parâmetro determina a quantidade ini ial de nutrientes no te ido.

α

50

Modelo de multies ala para viroterapia em tumores avas ulares

5.1.3

Dinâmi a elular 2

Como a migração foi desprezada , ada élula an erosa, aleatoriamente es olhida, pode exe utar uma das duas ações:

• Divisão A élula pode dividir-se por mitose om probabilidade

"  2 # N(~x) Pdiv (~x) = 1 − exp − , σc (~x)θdiv em que o parâmetro

θdiv

ontrola a forma de

Pdiv .

(5.6)

Quando uma élula se divide,

a sua posição no tumor irá denir a posição da élula-lha: i) se a élula estiver no interior do tumor, sua lha permane e no mesmo sítio que ela; ii) se ela estiver na borda do tumor, sua lha irá o upar ao a aso um dos seus sítios vizinhos o upados por uma élula normal ou ne róti a.

• Morte Uma élula an erosa morre om probabilidade

"  2 # M(~x) . Pdel (~x) = exp − σc (~x)θdel Assim,

σc (~x) → σc (~x) − 1

e, se

σc (~x) = 1,

então

(5.7)

σd (~x) = 1.

Observe que

a probabilidade de morte é determinada pela on entração de nutrientes nãoessen iais

M

na região da élula onsiderada.

As regras para a dinâmi a elular usadas nesse modelo onsideram que, em regiões onde há uma alta densidade de élulas e um suprimento de nutrientes via difusão es asso, a divisão elular é inibida e, ao mesmo tempo, a probabilidade de morte elular (ne rose) aumenta. Os parâmetros

θdiv

e

θdel ,

que ara terizam a resposta das élulas

a on entração de nutrientes e envolvem pro essos genéti os e metabóli os omplexos, não podem ser determinados diretamente de experimentos biológi os e ainda são um problema aberto, ao ontrário dos parâmetros

α , λN

e

λM ,

que podem ser mais

fa ilmente estimados. Na gura 5.3 são mostrados os padrões obtidos em redes om

500 ×500 sítios.

O

vaso apilar está na borda inferior de ada gura e as regiões mais es uras representam 2 Detalhes

sobre a implementação da migração podem ser en ontrados na ref. [11℄.

5.1 Modelo para o res imento de ar inomas

51

in situ

4/L

3/L α 2/L

1/L

25

50

Figura 5.3: Padrões obtidos em uma rede de onsumo de nutrientes

α

200

100

λN

500 × 500,

mostrados em função da taxa

para élulas normais e do fator multipli ativo

λN

para a

taxa de onsumo pelas élulas an erosas dos nutrientes essen iais para mitose. outros parâmetros foram xados em

λM = 10, θdiv = 0.3

e

θdel = 0.01.

Os

Os padrões são

mostrados em es ala de inza no qual as regiões mais es uras representam populações

elulares maiores.

populações maiores de élulas an erosas. Os padrões são mostrados em função do fator

λN ,

que representa a maior anidade das élulas an erosas por nutrientes essen iais

para mitose e da taxa de onsumo de nutrientes

α

pelas élulas normais. Essa gura

reproduz elmente os resultados da referên ia [11℄.

5.1.4

Implementação omputa ional A ada passo de tempo t, as equações 5.4 e 5.5 são resolvidas numeri amente no

estado esta ionário (∂N/∂t

= ∂M/∂t = 0)

através do método de relaxação de Gauss-

Siedel (apêndi e A). Determinada a on entração de nutrientes em todos os sítios da rede,

Nc (t) élulas an erosas

são sele ionadas sequen ialmente ao a aso om a mesma

Nc (t)

é o número total dessas élulas no omeço do passo de

probabilidade, em que

52

Modelo de multies ala para viroterapia em tumores avas ulares

tempo. Para ada uma delas, uma tentativa de ação (divisão ou morte) é aleatoriamente es olhida om igual probabilidade e o tempo é in rementado em

∆t = 1/Nc (t).

A ação

sele ionada será implementada, ou não, de a ordo om as probalidades orrespondentes determinadas pelas equações 5.6 e 5.7. Ao nal dessa seqüên ia de

Nc (t)

tentativas,

omeça um novo passo de tempo e todo o pro edimento (solução das equações de difusão e apli ação da dinâmi a elular) é iterado. As simulações terminam se alguma

élula tumoral al ança o vaso apilar ou a borda do te ido. Em todas as simulações, foram usadas as soluções exatas para o estado esta ionário das equações 5.4 e 5.5 em

t = 0,

quando não há élulas an erosas.

5.2

Modelo para viroterapia No modelo, a viroterapia é administrada na forma de uma úni a injeção viral na

região do tumor quando ele atinge

N0

élulas,. Esta injeção orresponde a suprir todo

o tumor om uma on entração uniforme

v

de vírus.

Esse pro edimento, apesar de

in vivo, é amplamente usado em experimentos in vitro, pois permite uma melhor análise da ação dos vírus on olíti os. Para os testes in vivo,

não ser muito usado em testes

a administração intravenosa ofere e a vantagem de ata ar também metástases, sem a ne essidade de saber exatamente onde estão os novos tumores. Entretanto, neste aso é ne essária uma dose viral mais alta, o que pode trazer problemas para o pa iente e o sistema imune deverá ser severamente suprimido para que os vírus onsigam atingir os tumores. A injeção intravenosa será onsiderada no modelo em breve. Neste trabalho, foram onsiderados tumores ompa tos ujas élulas podem se dividir, morrer ou ser infe tadas.

Como men ionado anteriormente, a probabilidade

de migração foi tomada omo zero. Por simpli idade, onsideramos apenas um tipo de nutriente, pois para padrões ompa tos esta onsideração não os afeta signi ativamente. As dimensões dos vírus são muito pequenas se omparadas às de uma élula típi a (adenovírus, que são vírus on olíti os tipi amente usados, têm dimensões da ordem de

10µm

70 − 90nm,

enquanto uma élula típi a têm diâmetro de aproximadamente

[6℄). Por isso, os vírus difundem omo um ampo ontínuo e não omo partí-

ulas virais individuais om aráter dis reto. O tempo de difusão dos vírus é muito menor que o das élulas, no entanto, é muito maior que o tempo de difusão dos nutrientes. Portanto, justi a-se onsiderar as soluções quase-esta ionárias da equação que des reve a evolução temporal da on entração de vírus

5.2 Modelo para viroterapia

53

v(~x, t + 1) = v(~x, t) +

Dv X [v(~x′ , t) − v(~x, t)] − γv v(~x, t)+ 4 ′ h~ x,~ xi

zv0 δ(|~x − x~inf |)δ(|t − TL |) + em que

Dv

1 − zv0 δ(|~x − x~inf | − 1)δ(t − TL ) 2d

é a onstante de difusão do vírus,

γv

(5.8)

a taxa de eliminação do vírus e

a primeira soma, representando o Lapla iano dis retizado, se estende sobre todos os primeiros vizinhos do sítio

~x.

Os últimos dois termos estão rela ionados à repli ação

viral, que será dis utida a seguir. Foram impostas ondições de ontorno periódi as ao longo do eixo

y

e ondições de Neumann (∂v/∂x

Iteramos esta equação no intervalo

[0, 1].

100

= 0)

na borda do te ido e no apilar.

vezes a ada passo de tempo, e

Dv

e

γv

re eberam valores

O número de iterações da equação para os vírus e o parâmetro

γv

ontrolam a taxa de eliminação dos vírus, e foram ajustados para on ordarem om a estimativa de Friedman et al.

[73℄.

Note que o parâmetro

γv

pode in luir a ação

das élulas fago itárias do sistema imune sobre os vírus. O sistema imune também é

apaz de eliminar as élulas an erosas, infe tadas ou não, o que deve ser onsiderado no modelo em trabalhos futuros. Células an erosas são infe tadas om probabilidade

"  Pinf (~x) = 1 − exp −

v(~x) σc (~x)θinf

2 #

,

(5.9)

e a infe ção das élulas normais é negligen iada, pois é possível alterar geneti amente os vírus para que eles ataquem seletivamente élulas an erosas. Então, a ada iteração, uma ação-tentativa é es olhida para uma élula an erosa não infe tada: dividir-se, morrer ou ser infe tada e ela a exe uta, ou não, om a orrespondente probabilidade. Se a élula an erosa está infe tada, ela não pode dividir-se, pois o vírus ontrola a maquinaria elular para sua própria repli ação. Então ela pode apenas morrer por lise

om probabilidade

  Tinf Plise (~x) = 1 − exp − Tl que está rela ionada a razão entre o tempo desde a infe ção, rísti o para lise elular,

Tl .

(5.10)

Tinf ,

e o período ara te-

A lise de ada élula infe tada libera uma on entração

v0

de vírus no meio extra elular. Uma fração aleatória desses vírus será igualmente distribuída entre os vizinhos mais próximos da élula morta e a fração restante permane e no sítio desta élula.

54

Modelo de multies ala para viroterapia em tumores avas ulares É importante ressaltar que o modelo des onsidera a morte das élulas infe tadas

pelo sistema imune inato. Uma vez infe tada, a élula an erosa morrerá apenas por lise. Essa aproximação é razoável se o tempo ara terísti o para a lise for su ientemente pequeno ou se o sistema imune estiver severamente suprimido. Para os dados experimentais utilizados nesse trabalho essas duas ondições são satisfeitas.

5.3

Estimativa dos parâmetros Em todas as simulações foram usadas redes om

parâmetro de rede (∼

10µm),



500 × 500

sítios e omo o

foi tomado omo o tamanho aproximado de uma élula típi a

o sistema orresponde a um te ido de er a de

5mm × 5mm,

o que seria

uma ota superior para o tamanho máximo de um tumor avas ular [92℄.

A élula

an erosa ini ialmente inserida no te ido normal é olo ada a uma distân ia de

300

sítios do apilar e os parâmetros rela ionados ao res imento do tumor foram es olhidos para gerar morfologias ompa tas (gura 5.3).

orresponde a er a de

4−5 h.

Um passo de tempo nas simulações

A quantidade (v0 ) de vírus liberada quando o orre a lise,

ou  arga viral é um parâmetro onhe ido biologi amente e varia de a ordo om o vírus e om a élula infe tada. Na injeção viral, uma quantidade ao tumor e es olhemos

v0 = V = 1.

V

de vírus é administrada

Em proto olos experimentais, normalmente não

se ontrola exatamente a quantidade de vírus injetados.

Em experimentos

in vitro,

em geral, são adi ionados vírus em quantidades su ientes para garantir que todas as

élulas possam ser infe tadas e em modelos animais são injetados pou os vírus para evitar toxi idade (adenovírus, por exemplo, prejudi am o fígado) (C. Binny, om. pes.). A onstante de difusão dos adenovírus é da ordem de no modelo a valores da ordem de difusão dos vírus foi iterada

100

10−1

10−8 cm2 /s [93℄, o que orresponde

(estimado numeri amente).

A equação de

vezes, o que pre isa ser onsiderado na estimativa

do tempo de remoção dos vírus, ontrolado pelo parâmetro

γ.

Esse parâmetro está

rela ionado ainda om a eliminação dos vírus pelo sistema imune, uja ação pode ser

ontrolada através da administração de um imunossupressor.

Finalmente, o tempo

ara terísti o para a lise das élulas infe tadas é um parâmetro altamente variável de a ordo om o tipo de vírus on olíti o utilizado, mas para o adenovírus ele é da ordem de

20h,

o que orresponderia a er a de

5

passos de tempo no modelo.

O

úni o parâmetro rela ionado à viroterapia que não pode ser diretamente determinado a partir de experimentos é o

θinf ,

rela ionado à e á ia do vírus em infe tar élulas

an erosas. No entanto, sabe-se que a probabilidade de en ontrar uma élula infe tada

5.3 Estimativa dos parâmetros

Tabela 5.1: Estimativas dos valores dos parâmetros usados no modelo. Des rição

Valor Estimado

∼ 10µm

Diâmetro de uma élula típi a Constante de difusão de vírus on olíti os

5.1 × 10

Tempo para remoção de élulas ne róti as

2

m

∼ 18h

[73℄,

2

2−3

Prob. de um vírus on olíti o infe tar uma élula tumoral Duração da lise ( ompleta) de élulas an erosas

/s

[94℄

(Adenovírus) [93℄

2.5 × 10−2 h−1

Taxa de remoção dos vírus Tempo de vida médio de uma élula tumoral infe tada

−9

72h

[73℄

∼ 40h

dias [71℄, dias,

72h

∼ 70%

[73℄

[24℄

[96℄

após infe ção pelo

vírus VA7-EGFP [97℄ Taxa de morte de élulas infe tadas pelo sistema imune Número de partí ulas virais liberadas quando a lise o orre

2 × 10−8 mm3 /h

élula imune [73℄,

∼ 104 −9

1.7 × 10 cm2 /s

Diâmetro máximo de um tumor avas ular

1 − 2mm Adenovírus: Reovírus:

[99℄

[92℄

70 − 90nm

60 − 90nm

Vírus da doença de New astle: HSV:

[24℄

[98℄

Constante de difusão de élulas tumorais do érebro

Diâmetro de um vírus on olíti o

1/48h

150 − 300nm

150 − 200nm

Vírus da estomatite vesi ular:

65 − 185nm

[6℄

55

56

Modelo de multies ala para viroterapia em tumores avas ulares

após administrar os vírus on olíti os a élulas em ultura é da ordem de Logo

θinf

70%

[73℄.

pode ser ajustado para forne er valores oerentes om essa estimativa. Na

tabela 5.1 são mostradas estimativas biológi as para quantidades relevantes no modelo. Alguns desses valores não foram usados diretamente para estimar parâmetros, mas são ne essários para justi ar as aproximações usadas. Por exemplo, o diâmetro do vírus on olíti o não orresponde a nenhum parâmetro, mas é ne essário para justi ar a des rição ontínua dada aos vírus.

4×10

4

Nc

D

2×10

4

C

B 0

A 400

800

1200

t (h) Figura 5.4:

Comportamentos observados na evolução temporal do número total de

élulas an erosas no tumor. Apenas no aso do omportamento A o tumor é extinto e a linha pontilhada mostra a evolução do tumor sem a viroterapia.

5.4

Resultados Estamos interessados em estudar viroterapia em tumores ompa tos, os mais

omuns em proto olos experimentais. Manteremos xos os parâmetros que ontrolam a forma do tumor (α

= 2/L, θdiv = 0.3, θdel = 0.03)

e utilizaremos redes

500 × 500.

Ini ialmente estudamos a evolução temporal do número de élulas an erosas presentes no tumor (mostrados na gura 5.4). Foram observados quatro tipos de omportamento: extinção do tumor ( omportamento A); ontrole do tumor, om as populações de élulas

an erosas os ilando om o tempo mas a níveis muito baixos e om in linação global aproximadamente nula ( omportamento B); redução do tumor, om omportamento

5.4 Resultados

57

os ilatório mas om in linação global positiva (C) e o fra asso da terapia, quando

Nc

permane e res endo exponen ialmente mesmo após a terapia (D). O problema pode ser visto omo um sistema presa-predador envolvendo as populações de élulas an erosas e de vírus. Na gura 5.5 são mostrados asos típi os de

ada omportamento para o número total de élulas an erosas e as orrespondentes

on entrações de vírus em toda a rede evoluindo no tempo. Em todos os asos foram usadas redes

L = 500

e os parâmetros

primeira oluna orresponde a a ter eira a

Dv = 0.1

e

γv = 0.01

Dv = 0.4

tlise = 2

e

θinf = 0.03

tlise = 4,

e

e a quarta a

foram mantidos xos. A

a segunda a

Dv = 0.1

e

Dv = 0.2

tlise = 16.

e

tlise = 2,

Pode-se ressaltar

que as defasagens entre as os ilações das duas populações pare em estar rela ionadas ao tempo de lise.

A

4

B

C

D

6×10

Nc

4

4×10

4

2×10

0 2000

v

1500 1000 500 0

0

100

200

300 0

100

300 0

200

100

200

300 0

100

200

300

t Figura 5.5: Número de élulas an erosas e on entração total de vírus na rede em função do tempo para os quatro tipos de omportamentos observados.

A evolução da distribuição espa ial da população de élulas an erosas pode ser a ompanhada na gura 5.6, em que um aso típi o do omportamento C é mostrado. Nessa simulação foram usados os parâmetros

tlise = 2,

Dv = 0.2, γv = 0.01, θinf = 0.03

e

ou seja, o oe iente de difusão dos vírus é baixo e o tempo ara terísti o

para a lise das élulas infe tadas é pequeno. Portanto, a onda de infe ção se propaga

58

Modelo de multies ala para viroterapia em tumores avas ulares

lentamente e as élulas tumorais que não são infe tadas podem se reproduzir mais frequentemente, uma vez que omo há pou as élulas a disponibilidade de nutrientes é maior. Pode-se observar na gura que as ondas de infe ção não são su ientemente fortes e/ou freqüentes para eliminar o tumor e apesar do número de élulas an erosas aumentar mais lentamente do que na ausên ia da viroterapia, as élulas espalham-se aumentando a área do te ido invadida pelo tumor.

Figura 5.6: No anto superior à esquerda, o tumor é mostrado imediatamente antes da injeção viral e em seguida, o tumor é mostrado a ada três passos de tempo. Apenas as élulas tumorais são mostradas. Pode-se visualizar as su essivas ondas de infe ção que, nesse aso em parti ular, não são su ientemente e azes para eliminar o tumor (este aso orresponde ao omportamento C).

Uma questão entral no desenvolvimento de proto olos terapêuti os é a determinação dos parâmetros líni os e/ou biológi os pertinentes a ada problema.

Em

parti ular, muitos parâmetros em viroterapia podem ser variados. A onstante de difusão

Dv

dos vírus pode ser variada, por exemplo, alterando a vis osidade do meio

de ultura. Nesse aso é importante assegurar que a difusão dos nutrientes não seja

5.4 Resultados

59

alterada. Outra possibilidade é res er as élulas em uma substân ia hamada

matri-

gel, que é uma versão sintéti a da matriz extra elular que envolve as élulas em te idos reais. Provavelmente o tamanho dos poros dessa substân ia é pequeno o su iente para diminuir a difusão viral (e a migração elular) sem afetar a difusão de nutrientes. Portanto, diferentes densidades do

matrigel

estariam asso iadas a diferentes onstantes de

difusão dos vírus. O período ara terísti o para lise elular

Tl

vírus on olíti os diferentes. Por exemplo, deletando a região

pode ser variado usando

E3

do genoma do Adeno-

vírus é possível aumentar sua velo idade de repli ação. É importante assegurar, nesse

aso, que as alterações observadas estejam rela ionadas apenas à variação do tempo de lise e não a outros aspe tos da mutação do vírus. O ter eiro parâmetro do modelo rela ionado a viroterapia é a taxa de remoção dos vírus

γv .

Experimentalmente ela

pode ser ontrolada introduzindo ma rófagos ou outras élulas do sistema imune que eliminem os vírus. O problema é que essas élulas se retam muitas ito inas, que irão inuen iar as élulas tumorais. Uma alternativa para ontrolar esse parâmetro seria a oplar um tubo apilar que lentamente tro asse o meio om vírus por um meio sem vírus a uma taxa ontrolada. Essa estratégia tentaria imitar a perda gradual de vírus da região do tumor para o uxo sangüíneo. Outro parâmetro é a e á ia da infe ção viral

θinf .

Nesse aso, uma possibilidade seria tratar as élulas om alguma substân ia

que altere sua infe tabilidade. Essas sugestões foram apresentadas por C. Binny, da universidade 

Barts and The London S hool of Medi ine and Dentistry 

em omuni-

ações pessoais, e indi am que os parâmetros do modelo rela ionados a viroterapia podem ser ontrolados experimentalmente. Uma vez que o sistema ( ân er e vírus on olíti o) tem uma dinâmi a extremamente sensível às utuações esto ásti as de suas populações mesmo para um onjunto xo de parâmetros dos modelos, nosso objetivo entral é ara terizar os omportamentos dominantes em função dos parâmetros

γv , θinf , Tl

e

Dv .

Entretanto, para obter

informações sobre o efeito da viroterapia sobre o tumor, o aráter esto ásti o do modelo exige que sejam feitas diferentes amostras para ada onjunto de parâmetros. Na gura 5.7, são mostradas diferentes simulações para a evolução temporal da população de élulas an erosas, om

γv = 0.01, θinf = 0.03, Tl = 4

e

Dv = 0.7.

A partir dessas

amostras, pode-se determinar a probabilidade de ada um dos omportamentos para esse onjunto de parâmetros. Determinamos o omportamento dominante omo aquele

uja probabilidade é maior. No aso da gura 5.7 o omportamento A (su esso da terapia) é dominante, o orrendo B,

6

16

vezes;

13

amostras apresentaram o omportamento

o omportamento C e as in o restantes, o D.

Modelo de multies ala para viroterapia em tumores avas ulares

Nc

60

t Figura 5.7: Diferentes simulações podem exibir omportamentos diferentes para a evolução temporal da população de élulas an erosas para o mesmo onjunto de parâmetros. Nesse aso,

γv = 0.01, θinf = 0.03, Tl = 4 e Dv = 0.7 e os quatro omportamentos

são observados.

Na gura 5.8 mostramos o omportamento dominante para ada par de valores

γv

e

Dv ,

om

Tl

θinf

e

xos em ada diagrama. Podemos on luir que para

a terapia sempre fra assa, independentemente dos valores de pois este valor de

γv

Dv

e

Tl .

γv ≥ 0.03,

Isso é esperado,

está a ima da ota máxima estimada para a taxa de remoção dos

vírus (veja tabela 5.1). Além disso, observamos que se

θinf

for da ordem de

10−1 o tumor

não é nem extinto nem ontrolado. A estimativa baseada em dados experimentais (70% de probabilidade de infe tar om su esso a élula [73℄) orresponderia a valores de próximos a

10

−1

θinf

. No entanto, apresentaremos aqui apenas as simulações referentes a

um proto olo agressivo em que er a de que orresponde a

98%

das élulas são infe tadas ini ialmente, o

θinf = 0.03.

Usando a gura 5.8, foi estabele ida uma ota superior para o parâmetro uma vez que para

γv > 0.03

γv ,

a terapia nun a tem su esso (nesse aso a probabilidade

5.4 Resultados γv

61 tlise=2

tlise=4

tlise=8

D

D

D

0.09

θ=0.03

0.07 0.05 0.03

A

C

0.01

C

B

B

A

C

A

A

γv 0.09

θ=0.1

0.07

D

D

D

0.05 0.03 0.01

C 0.1 0.3 0.5 0.7 0.9 Dv

Figura 5.8:

0.1 0.3 0.5 0.7 0.9 Dv

de obter o omportamento D é de

5

dos asos, fra assando apenas quando

γv = 0.005

γv = 0.005.

a terapia tem su esso na maioria

é pequeno e

θinf

é grande. Com

γv

θinf ≈ 0.1

e

γv = 0.005,

da ordem

θinf .

Para

a probabilidade de infe ção seria aproximadamente

o que orresponderia a um proto olo mais próximo ao dado experimental que

indi a

70% para essa

probabilidade. Ini ialmente serão mostrados os resultados para o

proto olo mais agressivo (θinf e

Dv

foram omparados om

a região de su esso diminui, estando restrita aos valores pequenos de

valores de

60%,

Para tentar estabele er uma ota inferior

γv = 0.01

Como pode ser visto na gura 5.9, para

10

amostras.

100%).

para esse parâmetro, os resultados para

de

0.1 0.3 0.5 0.7 0.9 Dv

Comportamento dominante para ada onjunto de parâmetros, onside-

rando médias sobre omportamentos de

−2

C

C

= 0.03 e γv = 0.01) e depois os resultados para θinf = 0.1

γv = 0.005. Estas análises ini iais mostraram a ne essidade de um número maior de amostras

para denir o omportamento dominante em ada região. Con entrando-se na região em que a amostragem é espe ialmente relevante, onstruímos a gura 5.10. Nela, os

62

Modelo de multies ala para viroterapia em tumores avas ulares

γv=0.005

θinf 0.09

γv=0.01

C

0.07

C

0.05

A

0.03

A

0.01 0.1 0.3 0.5 0.7 0.9 Dv

0.1 0.3 0.5 0.7 0.9 Dv

Figura 5.9: Comportamento dominante para ada onjunto de parâmetros, onsiderando médias sobre omportamentos de as ordens de grandeza dos parâmetros

parâmetros

5

γv

amostras. Estes resultados apenas indi am

e

θinf

adequadas.

γv = 0.01 e θinf = 0.03 foram mantidos xos.

Podemos ver que a região de

maior probabilidade de su esso se on entra para valores intermediários de que

Dv

Tl ,

desde

não seja muito pequeno. Ou seja, desde que o vírus não tenha uma onstante

de difusão muito pequena, a terapia é mais e iente se o tempo ara terísti o para a lise da élula an erosa tiver um valor em uma região ótima. Como os vírus dependem das élulas an erosas, a situação mais favorável para eles é quando

Tl

for pequeno,

pois nesse aso há um equilíbrio entre as duas populações. Nos omportamentos B e C o tumor não é extinto, mas seu res imento é muito reduzido. Essa situação foi observada em um estudo re ente [100℄ om o vírus on olíti o MV-CEA. Foi obtido um equilíbrio par ial entre as populações tumorais e de vírus, que resultou em um res imento signi ativamente mais lento do tumor e aumento da sobrevivên ia dos amundongos. É importante ressaltar que este equilíbrio foi observado para diferentes doses ini iais da injeção viral. A gura 5.10 foi onstruída a partir dos resultados das guras 5.11 e 5.12, nas quais são mostradas as probabilidades de obter ada omportamento em função dos parâmetros

Tl

e

Dv .

Na gura 5.11 à esquerda, pode-se observar dois máximos lo ais

5.4 Resultados

63

D

5

C

log2 tlise

4 3

A

C

2

1

A

B

0,2

0,4

Dv

D

B

0,6

0,8

Figura 5.10: Inuên ia do tempo ara terísti o de lise dos vírus

Dv

Tl

e da onstante de difusão

no omportamento dominante do sistema para

40

mantidos xos. Foram feitas médias sobre

γv = 0.01

Tl ≈ 8, Dv ≈ 0.5.

e

θinf = 0.03,

simulações diferentes.

na probabilidade de su esso da viroterapia, o primeiro entrado em o segundo entrado em

1

Tl ≈ 8, Dv ≈ 0.8

e

A existên ia desse segundo máximo não era

esperada e pre isa ser melhor entendida, pois espera-se que quanto maior a apa idade de disseminação dos vírus, maior a e á ia do tratamento. Na gura da direita pode-se ver que o omportamento B é dominante apenas se

Tl ≈ 2 e Dv tiver os valores indi ados

na gura 5.10, mas este omportamento não tem probabilidade maior que nenhum dos onjuntos de parâmetros estudados.

70%

em

As probabilidades orrespondentes

aos omportamentos C e D são mostradas na gura 5.12. Ambos são muito prováveis em regiões de onstante de difusão dos vírus muito baixa, omo poderíamos prever, pois se a taxa de difusão é muito pequena, a infe ção se espalha lentamente. disso, para

Tl ≈ 32,

Além

o omportamento D é dominante para difusão baixa enquanto o

omportamento C é o mais provável para

0.4 ≤ Dv ≤ 0.9.

Investigando agora o espaço de parâmetros para está mais próximo do dado experimental de

γv = 0.005

e

θinf = 0.1,

que

70% de probabilidade de infe ção, obtemos

o diagrama mostrado na gura 5.13. Comparando om o diagrama 5.10, orrespondente ao proto olo mais agressivo, pode-se notar que a região onde o omportamento A (su esso da terapia) é dominante era maior do que neste aso, omo poderíamos prever. Para um tempo ara terísti o para lise xo, o omportamento os ilatório da probabilidade de su esso em função da onstante de difusão dos vírus também o orre,

64

Modelo de multies ala para viroterapia em tumores avas ulares

Figura 5.11:

Probabilidades dos omportamentos A (gura a esquerda) e B (gura a

direita) em função dos parâmetros está

Dv

e no eixo

y

é mostrado o

Tl

e

Dv ,

para

γv = 0.01

e

θinf = 0.03.

No eixo

x

log2 (tlise ).

Figura 5.12: Probabilidades dos omportamentos C (gura a esquerda) e D (gura a direita) em função dos parâmetros

Dv

e no eixo

y

é mostrado o

sendo mais evidente em é muito baixa para

Tl

e

Dv

para

γv = 0.01 e θinf = 0.03.

No eixo

x está

log2 (tlise ).

TL = 4.

TL ≥ 16,

Também observamos que a probabilidade de su esso

ex eto em

Dv = 1.0.

O omportamento D (fra asso da

5.5 Con lusões

65

terapia) só é dominante para

e

Dv = 0.1.

D

5 4

log2 tlise

TL = 32

C C

3 A

2 A

1

D 0,2

0,4

Dv

dos vírus

Dv

Tl

40

1

e da onstante de difusão

no omportamento dominante do sistema para

mantidos xos. Foram feitas médias sobre

5.5

0,8

0,6

Figura 5.13: Inuên ia do tempo ara terísti o de lise

B

γv = 0.005

e

θinf = 0.1,

simulações diferentes.

Con lusões Nesse apítulo, apresentamos os resultados de simulação de um modelo de vi-

roterapia para o tratamento de tumores [12℄. Foram obtidos quatro omportamentos diferentes para a evolução temporal do tamanho do tumor após a injeção viral: extinção do tumor, omportamento os ilatório om in linação global aproximadamente nula, os ilatório om in linação global positiva e res imento exponen ial. Esses omportamentos on ordam qualitativamente om dados experimentais, mas omparações quantitativas também são possíveis. Um estudo uidadoso do espaço de parâmetros do modelo foi apresentado identi ando o omportamento dominante para ada onjunto de valores da onstante de difusão ção

θinf

Dv

dos vírus, do tempo ara terísti o para lise elular

Tl , da e iên ia da infe -

e da taxa de remoção dos vírus. Esses parâmetros foram variados dentro dos

intervalos de valores oerentes om as orrespondentes estimativas experimentais. Para

γv = 0.01

e

θinf = 0.03

foram apresentadas as probabilidades de obter ada um dos

omportamentos. Em geral, os omportamentos qualitativamente esperados, a saber,

66

Modelo de multies ala para viroterapia em tumores avas ulares

fra asso e e á ia, são observados nos limites de difusão baixa e alta, respe tivamente. No entanto, para valores intermediários da difusão, omportamentos omplexos, ara terizados por uma dependên ia os ilatória om esse parâmetro, são observados. Essas observações, se forem reproduzidas experimentalmente, serão fundamentais no estabele imento dos proto olos terapêuti os.

CAPÍTULO 6 Con lusões e Perspe tivas Nessa dissertação foi apresentada uma revisão sobre a modelagem matemáti a do res imento e do tratamento de tumores, bem omo resultados originais para modelos da literatura. Na primeira parte do trabalho, foi proposta uma estratégia que permitiu simular o modelo de Eden na rede quadrada e obter padrões sem os efeitos indesejáveis da anisotropia [10℄.

Agregados assintoti amente grandes gerados om o

modelo de Eden original na rede quadrada têm uma forma losangular e, onsequentemente, um expoente de res imento KPZ (β

= 1/3)

β = 1,

o que dis orda da lasse de universalidade

observada para o res imento a partir de um substrato liso.

Foi

proposto um modelo de Eden estendido, em que a probabilidade de res imento é propor ional a uma lei de potên ia do número de primeiros vizinhos o upados,

Pk ∝ k ν ,

em analogia om o pro edimento desenvolvido para remover a anisotropia de agregados do modelo DLA [74, 87℄. En ontramos que as es olhas adequadas do parâmetro

ν

preservam a lasse de universalidade KPZ. Além disso, o modelo estendido on orda

om simulações fora da rede, em que as utuações do entro de massa são onsideradas [85℄. Esta estratégia é uma ferramenta útil para modelar experimentos om simetria radial uma vez que modelos simulados em rede são mais fa ilmente generalizados. Também foi apresentado um modelo ombinando equações de reação-difusão ma ros ópi as para os nutrientes e vírus om regras esto ásti as mi ros ópi as para as ações das élulas an erosas om o objetivo de des rever os efeitos de terapias om vírus on olíti os no res imento tumoral.

Os resultados das simulações do modelo

revelam omportamentos onsistentes om os observados experimentalmente para viroterapia. Os parâmetros do modelo foram estimados a partir de dados experimentais, o que possibilita omparações quantitativas om experimentos adequados.

Os om-

portamentos observados após a injeção viral, que no modelo onsiste na administração 67

68

Con lusões e Perspe tivas

de uma on entração uniforme de vírus em todo o tumor, foram: extinção do tumor;

ontrole do tumor, om as populações de élulas an erosas os ilando om o tempo mas a níveis baixos; redução do res imento do tumor, om omportamento os ilatório mas

om in linação positiva; e o fra asso da terapia, quando o tumor permane e res endo exponen ialmente. Os prin ipais parâmetros do modelo podem ser ontrolados experimentalmente e a elaboração desses experimentos está em dis ussão om o grupo de Terapia Gêni a do Instituto de Cân er da universidade 

of Medi ine and Dentistry 

Barts and The London S hool

por intermédio de C. Binny. Diferentes abordagens tam-

bém podem ser estudadas, omo a apli ação de doses virais sequen iais ou diferentes vias de administração dos vírus on olíti os. Detalhes omo in luir o tempo que o organismo pre isa para eliminar élulas ne róti as também serão estudados. Estão sendo desenvolvidas uma versão totalmente dis retizada (autmato elular) e uma versão em que todas as quantidades são des ritas por variáveis ontínuas (modelo de equação diferen ial par ial), para identi ar se algum dos omportamentos observados é ex lusivade da abordagem de multi-es ala. Embora a des rição bidimensional seja uma boa aproximação para alguns tipos de tumores, eles são essen ialmente tridimensionais. A prin ipal di uldade em simular um modelo em

3d

é obter a solução das equações

diferen iais por métodos de relaxação. Portanto, apenas sistemas de tamanhos muito reduzidos podem ser simulados. Entretanto, uma aproximação de ampo médio para os nutrientes pode tornar esse modelo viável de ser implementado. Há uma série de ingredientes que podem ser in luídos, mas a nossa proposta é in luir apenas aqueles ne essários para reproduzir os omportamentos experimentalmente observados.

Equações Diferen iais Par iais As equações diferen iais par iais são geralmente lassi adas [101℄ em



Hiperbóli as (equação de onda unidimensional)



Parabóli as (equação de difusão)



Elípti as (equação de Poisson)

Mas do ponto de vista omputa ional, é mais importante notar que as equações de onda

1d

e de difusão des revem evolução temporal, denindo problemas de Cau hy

ou de valor ini ial, enquanto a equação de Poisson dene um problema de valor de

ontorno. O prin ipal desao omputa ional em problemas de valor ini ial é, em geral, a estabilidade do algoritmo, enquanto em problemas de valor de ontorno a estabilidade é relativamente fá il de atingir, sendo a e iên ia do algoritmo a prin ipal preo upação. Seja a seguinte equação elípti a

ℑ(η) = em que



é um operador linear e

ini ial, supõe-se que

η

η

∂η , ∂t

(1)

a função a ser determinada. Dada uma ondição

irá atingir uma solução de equilíbrio quando

t → ∞.

Vamos

onsiderar a solução da equação

∂φ = ∇2 φ − γφ ∂t

(2)

No estado esta ionário, ela se reduz a

∇2 φ − γφ = 0. Usando o método das diferenças nitas para dis retizar a função

(3)

φ(x, y)

podemos es-

rever o resíduo de um estágio qualquer da iteração omo

ξi,j =

φi+1,j + φi−1,j + φi,j+1 + φi,j−1 − 4φi,j − γφi,j , ∆2 69

(4)

70

Con lusões e Perspe tivas

em que



é o espaçamento da rede.

Utilizaremos o método de iteração de Newton, dada por

φk+1 i,j Assim, omo

=

φki,j

k ξi,j − k ∂ξi,j /∂φi,j

∂ξi,j 4 = − 2 − γ, ∂φi,j ∆

(5)

(6)

en ontramos

k φk+1 i,j = φi,j + em que

k ξi,j

k ξi,j , (4/∆2 ) + γ

(7)

é o resíduo dado por

k ξi,j =

φki+1,j + φki−1,j + φki,j+1 + φki,j−1 − 4φki,j − γφki,j . ∆2

(8)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1℄ G. Evan e K. H. Vousden.

Proliferation, ell y le and apoptosis in an er.

Nature, 441:342, 2001. [2℄ D. Hanahan e R. Weinberg. The hallmarks of an er.

Cell, 100:57, 2000.

[3℄ M. J. Renan. How many mutations are required for tumorigenesis? impli ations from human an er data. [4℄ L. Foulds.

Mol. Car inogenesis, 7:139, 1993.

The experimental study of tumor progression. Volumes I-III. A ademi

Press, London, 1954. [5℄ R. A. Weinberg.

The biology of an er.

Garland S ien e, New York, 2007.

[6℄ K. A. Parato, D. Senger, P. A. J. Forsyth e J. C. Bell. Re ent progress in the battle between on olyti viruses and tumours. [7℄ G. Gompertz.

Nature Rev. Can er, 5:965, 2005.

On the nature of the fun tion expressive of the law of human

mortality, and on the new mode of determining the value of life ontingen ies.

Philos. Trans. R. So . London, 115:513, 1825. [8℄ N. Bellomo e L. Preziosi. Modelling and mathemati al problems related to tumor evolution and its intera tion with the immune system.

Math. Comp. Modelling,

32:413, 2000.

Pro . Fourth Berkeley Symp. on Math. Stat. and Prob.,University of California Press, Berkeley, page 223, 1961.

[9℄ M. Eden. A two-dimensional growth pro ess.

[10℄ L. R. Paiva e S. C. Ferreira Jr.

lusters.

Universality lass of isotropi on-latti e eden

J. Phys. A: Math. and General, 40:F43, 2007.

[11℄ S. C. Ferreira Jr., M. L. Martins e M. J. Vilela. Rea tion-diusion model for the growth of avas ular tumor.

Phys. Rev. E, 65:021907, 2002. 71

72

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[12℄ S. C. Ferreira Jr. , M. L. Martins e M. J. Vilela. Fighting an er with viruses.

Physi a A, 345:591, 2005. [13℄ B. Alberts, A. Johnson, J. Lewis, M. Ra, K. Roberts e P. Walter.

Biology of the Cell, 4ed.

Mole ular

Garland S ien e, New York and London, 2002.

[14℄ D. W. Kufe, R. E. Pollo k, R. R. Wei hselbaum, R. C. Bast Jr., T. S. Gansler, J. F. Holland and E. Frei III.

Can er Medi ine 6.

BC De ker In ., Canada, 2003.

[15℄ J. Folkman. Fighting an er by atta king its blood supply.

S ienti Ameri an,

September:150, 1996. [16℄ R. A. Weinberg. How an er arises.

S ienti Ameri an, September:62, 1996.

[17℄ M. Jakobisiak, W. Lasek e J. Goª¡b.

an er.

Natural me hanisms prote ting against

Immunology Letters, 90:103, 2003.

[18℄ F. A. Fitzpatri k. Inammation, ar inogenesis and an er.

Int. Immunophar-

ma ol., 1:1651, 2001. [19℄ E. Sha ter e S. A. Weitzman. Chroni inammation and an er.

On ology-New

York, 16:217, 2002. [20℄ S. A. Weitzman, A. B. Weitberg, E. P. Clark, T. P. Stossel, L. B. Thomas. Phago ytes as ar inogens - malignant transformation produ ed by humanneutrophils.

S ien e, 227:1231, 1985.

[21℄ T. Tamatani , P. Turk , S. Weitzman and R.Oyasu. Tumorigeni onversion of a rat urothelial ell line by human polymorphonu lear leuko ytes a tivated by lipopolysa

haride.

Jpn. J. Can er Resear h, 90:829, 1999.

[22℄ C. Shao, L. Deng, O. Henegariu, L. Liang, P. J. Stambrook e J. A. Tis held. Chromosome instability ontributes to loss of heterozygosity in mi e la king p53.

PNAS, 97:7405, 2000. [23℄ M. B. Sporn. The war on an er.

Lan et, 347:1377, 1996.

[24℄ J. R. Bis ho, D. H. Kim, A. Williams, C. Heise, S. Horn, M. Muna, L. Ng, J. A. Nye, A. SampsonJohannes, A. Fattaey e F. M Cormi k. An adenovirus mutant that repli ates sele tively in p53-de ient human tumor ells. 1996.

S ien e, 274:373,

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

73

[25℄ D. Kirn , R. L. Martuza e J. Zwiebel. Repli ation-sele tive virotherapy for an er: Biologi al prin iples, risk management and future dire tions.

Nature Medi ine,

7:781, 2001.

[26℄ S. Hernandez. Observa ion de un aso de enfermedad de hodgkin, on regresion de los sintomas e infartos ganglionares, post-sarampion.

St h. Cabanos Can er,

8:26, 1949.

[27℄ H. W. Toolan e A. E. Moore. On oloyti ee t of egypt virus on a human epidermoid ar inoma grown in X-irradiated rats.

Pro . of the So . for Experimental

Biology and Medi ine, 79:697, 1952. [28℄ R. Love e G. R. Sharpless.

Studies on a transplantable hi ken tumor (RPL-

12 lymphoma) .2. me hanism of regression following infe tion with an on olyti virus.

Can er Res., 14:640, 1954.

[29℄ R. Smith, R. J. Huebner, W. P. Rowe, W. E. S hatten, L. B. Thomas. Studies on the use of viruses in the treatment of ar inoma of the ervix.

Can er, 9:1211,

1956.

[30℄ A. C. Shah , D. Benos , G. Y. Gillespie e J. M. Markert. On olyti viruses: lini al appli ations as ve tors for the treatment of malignant gliomas.

J. Neuroon ol.,

65:203, 2003.

[31℄ H. L. Kaufman, G. DeRaele, J. Mit ham, D. Moroziewi z, S. M. Cohen, K. S. Hurst-Wi ker, K. Cheung, D. S. Lee, J. Divito, M. Voulo, J. Donovan, K. Dolan, K. Manson, D. Pani ali, E. Wang, H. Horige F. M. Marin ola. Targeting the lo al tumor mi roenvironment with va

inia virus expressing B7.1 for the treatment of melanoma.

J. Clin. Invest., 115:1903, 2005.

[32℄ E. A. Chio

a, K. M. Abbed, S. Tatter, D. N. Louis, F. H. Ho hberga, F. Barker, J. Kra her, S. A. Grossman, J. D. Fisher, K. Carson, M. Rosenblum, T. Mikkelsen, J. Olson, J. Markert, S. Rosenfeld, L. B. Nabors, S. Brem, S. Phuphani h, S. Freeman, R. Kaplan e J. Zwiebel. A phase I open-label, dose-es alation, multiinstitutional trial of inje tion with an E1B-attenuated adenovirus, ONYX-015, into the peritumoral region of re urrent malignant gliomas, in the adjuvant setting.

Mol. Ther., 10:958, 2004.

74

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[33℄ S. Harrow, V. Papanastassiou, J. Harland, R. Mabbs, R. Petty, M. Fraser, D. Hadley, J. Patterson, S. M. Brown e R. Rampling. HSV1716 inje tion into the brain adja ent to tumor following surgi al rese tion of high-grade glioma: safety data and long-term survival.

Gene Therapy, 11:1648, 2004.

[34℄ G. Ful i, L. Breymann, D. Gianni, K. Kurozomi, S. S. Rhee, J. Yu, B. Kaur, D. N. Louis, R. Weissleder, M. A. Caligiuri e E. A. Chio

a. Cy lophosphamide enhan es glioma virotherapy by inhibiting innate immune responses.

PNAS,

103:12873, 2006.

[35℄ C. J. M Donald, C. Erli hman, J. N. Ingle, G. A. Rosales, C. Allen, S. M. Greiner, M. E. Harvey, P. J. Zollman, S. J. Russell e E. Galanis. A measles virus va

ine strain derivative as a novel on olyti agent against breast an er.

Res. and Treat., 99:177, 2006.

Breast Can .

[36℄ H. Kambara , H. Okano , E. A. Chio

a e Y. Saeki. An on olyti HSV-1 mutant expressing ICP34.5 under ontrol of a nestin promoter in reases survival of animals even when symptomati from a brain tumor.

Can er Res., 65:2832, 2005.

[37℄ Y. Wang, S. Thorne, J. Hanno k, J. Fran is, T. Au, T. Reid, N. Lemoine, D. Kirn e G. Hallden. A novel assay to assess primary human an er infe tibility by repli ation-sele tive on olyti adenoviruses.

[38℄ N. F. Britton.

Clin. Can er Res., 11:351, 2005.

Essential Mathemati al Biology,

hapter 8.

Springer, Estados

Unidos, 2005.

[39℄ S. Wolfran.

Theory and appli ation of ellular automata.

World S ienti , 1986.

[40℄ H. A. Levine, S. Pamuk, B. D. Sleeman e M. Nilsen-Hamilton. Mathemati al modeling of apillary formation and development in tumor angiogenesis: Penetration into the stroma.

Bulletin Math. Biology, 63:801, 2001.

[41℄ R. K. Sa hs, L. R. Hlatky e P. Hahnfeldt. Simple ODE models of tumor growth and anti-angiogeni or radiation treatment.

Math. and Comp. Modelling, 33:1297,

2001.

[42℄ C. P. Winsor.

The gompertz urve as a growth urve.

USA, page 1, 1932.

Pro . Natl. A ad. S i.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [43℄ A.K. Laird.

75

Dynami s of tumour growth.

British Journal fo Can er,

18:490,

1964. [44℄ L. Norton. A gompertzian model of human breast an er growth.

Can er Res.,

48:7067, 1988. [45℄ P. Waliszewski. A prin iple of fra tal-sto hasti dualism and gompertzian dynami s of growth and self-organization.

Biosystems, 82:61, 2005.

[46℄ K. Fister e J. Panetta. Optimal ontrol applied to ompeting hemotherapeuti

ell-kill strategies.

SIAM J. Appl. Math., 63:1954, 2003.

[47℄ A. S. Qi, X. Zheng, C. Y. Du e B. S. An. A ellular automaton model of an erous growth.

J. Theoreti al Biology, 161:1, 1993.

[48℄ A. R. Kansal, S. Torquato, G. R. Harsh, E. A. Chio

a e T. S. Deisboe k. Simulated brian tumor growth dynami s using a three-dimensional ellular automaton.

J. Theoreti al Biology, 203:367, 2000. [49℄ T. Williams e R. Bjerknes. Sto hasti model for abnormal lone spread through epithelial basal layer.

Nature, 236:19, 1972.

[50℄ J. Smolle e H. Stettner. Computer simulation of tumor ell invasion by a sto hasti growth model. [51℄ P. Meakin.

J. Theoreti al Biology, 160:63, 1993.

Fra tals, s aling and growth far from equilibrium. Cambridge Univerty

Press, Cambridge, 1998. [52℄ T. Vi sek.

Fra tal growth phenomena.

World S ienti , Singapore, 1992.

[53℄ R. M. Shymko e L. Glass. Cellular and geometri ontrol of tissue growth and mitoti instability.

J. Theoreti al Biology, 63:355, 1976.

[54℄ J. A. Adam. A simplied mathemati al model of tumour growth.

Math. Bios i.,

81:224, 1986. [55℄ M. A. J. Chaplain e N. F. Britton.

On the on entration prole of a growth

inhibitory fa tor in multi ell spheroids.

Math. Bios i., 115:233, 1993.

[56℄ H. M. Byrne e M. A. J. Chaplain. Free boundary value problems asso iated with the growth and development of multi ellular spheroids. 8:639, 1997.

Eur. J. Appl. Math.,

76

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[57℄ H. M. Byrne. A weakly nonlinear analysis of a model of avas ular solid tumour growth.

J. Math. Biology, 39:59, 1999.

[58℄ A. Friedman e F. Reiti h. Analysis of a mathemati al model for the growth of tumors.

J. Math. Biology, 38:262, 1999.

[59℄ J. A. Sherratt e M. A. J. Chaplain. A new mathemati al model for avas ular tumour growth.

J. Math. Biology, 43:291, 2001.

[60℄ R. M. Sutherland, B. Sordat, J. Bamat, H. Gabbert, B. Bourrat e W. MuellerKlieser.

Oxygenation and dierentiation in multi ellular spheroids of human

olon ar inoma.

Can er Res., 46:5320, 1986.

[61℄ M. Aber rombie. Conta t inhibition in tissue ulture.

In vitro., 6:128, 1970.

[62℄ S. C. Ferreira Jr., M. L. Martins e M. J. Vilela. Morphologi al transitions indu ed by hemotherapy in ar inomas in situ.

Phys. Rev. E, 67:051914, 2003.

[63℄ Y. Jiang, J. Pjesiva -Grbovi , C. Cantrell e J. P. Freyer. A multis ale model for avas ular tumor growth.

Biophys J., 89:3884, 2005.

[64℄ L. M. Sander e T. S. Deisboe k. Growth patterns of mi ros opi brain tumors.

Phys. Rev. E, 66:R051901, 2002. [65℄ K. Oels hläger. The spread of a parasiti infe tion in a spatially distributed host.

J. Math. Biology, 30:321, 1992. [66℄ J. T. Wu, H. M. Byrne, D. H. Kirn e L. M. Wein. Modeling and analysis of a virus that repli ates sele tively in tumor ells.

Bulletin Math. Biology,

63:731,

2001.

[67℄ D. Wodarz. Viruses as antitumor weapons: Dening onditions for tumor remission.

Can er Res., 61:3501, 2001.

[68℄ A. Friedman e Y. Tao. Analysis of a model of a virus that repli ates sele tively in tumor ells.

J. Math. Biology, 47:391, 2003.

[69℄ S. C. Ferreira Jr. , M. L. Martins e M. J. Vilela. A growth model for primary

an er.

Physi a A, 261:569, 1998.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

77

[70℄ L. M. Wein, J. T. Wu e D. H. Kirn. Validation and analysis of a mathemati al model of a repli ation- ompetent on olyti virus for an er treatment: Impli ations for virus design and delivery.

Can er Res., 63:1317, 2003.

[71℄ J. T. Wu, D. H. Kirn e L. M. Wein. Analysis of a three-way ra e between tumor growth, a repli ation- ompetent virus and an immune response.

Bulletin Math.

Biology, 66:605, 2004. [72℄ Y. Tao e Q. Guo. The ompetitive dynami s between tumor ells, a repli ation ompetent virus and an immune response.

J. Math. Biology, 51:37, 2005.

[73℄ A. Friedman, J. P. Tian, G. Ful i, E. A. Chio

a e J. Wang. Glioma virotherapy: Ee ts on innate immune suppression and in reased viral repli ation apa ity.

Can er Res., 66:2314, 2006. [74℄ S. G. Alves e S. C. Ferreira Jr. Is it really possible to grow isotropi on-latti e diusion-limited aggregates?

J. Phys. A: Math. and General, 39:2843, 2006.

[75℄ A. Brú, S. Albertos, J. L. Subiza, J. L. Gar ia-Asenjo e I. Brú. The universal dynami s of tumor growth.

Biophys. J., 85:2948, 2003.

[76℄ A. Brú, J. M. Pastor, I. Fernaud, I. Brú, S. Melle e C. Berenguer. Super-rough dynami s on tumor growth.

Phys. Rev. Lett., 81:4008, 1998.

[77℄ A. Brú, S. Albertos, J. A. L. Gar ia-Asenjo e I. Brú. Pinning of tumoral growth by enhan ement of the immune response.

Phys. Rev. Lett., 23:238101, 2004.

[78℄ F. Family e T. Vi sek. S aling of the a tive zone in the Eden pro ess on per olation networks and the ballisti deposition model.

J. Phys.A: Math. Gen., 18:L75,

1985.

[79℄ J. Kertész e D. E. Wolf. Noise-redu tion in Eden models - II. surfa e-stru ture and intrinsi width.

J. Phys. A: Math. and General, 21:747, 1988.

[80℄ P. Devillard e H. E. Stanley. S aling properties of Eden lusters in three and four dimensions.

Physi a A, 160:298, 1989.

[81℄ M. Kardar, G. Parisi, and Y.C. Zhang. Dynami s aling of growing interfa es.

Phys. Rev. Lett., 56:889, 1986.

78

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[82℄ J. G. Zabolitzky e D. Stauer. Simulation of large Eden lusters.

Phys. Rev. A,

34:1523, 1986.

[83℄ M. T. Bat helor e H. I. Henry. Limits to Eden growth in two and three dimensions.

Phys. Lett. A, 157:229, 1991. [84℄ C. Y. Wang , P. L. Liu e J. B. Bassingthwaighte. growth model.

O-latti e Eden-C luster

J. Phys.A: Math. Gen., 28:2141, 1995.

[85℄ S. C. Ferreira Jr. e S. G. Alves. Pitfalls in the determination of the universality

lass of radial lusters.

J. Stat. Me h.: Theory and Experiment,

page P11007,

2006.

[86℄ T. A. Witten e L. M. Sander. phenomenon.

Diusion-limited aggregation, a kineti riti al

Phys. Rev. Lett., 47:1400, 1981.

[87℄ V. A. Bogoyavlenskiy. How to grow isotropi on-latti e diusion-limited aggregates.

J. Phys. A: Math. and General, 35:2533, 2002.

[88℄ S. Das Sarma e P. I. Tamborenea. A new universality lass for kineti growth one-dimensional mole ular-beam epitaxy.

[89℄ J. Bu eta e J. Galeano.

Phys. Rev. Lett., 66:325, 1991.

Comments on the arti le the universal dynami s of

tumor growth by a. bru et al.

Biophys. J., 88:3734, 2005.

[90℄ P. C. Nowell. Clonal evolution of tumor- ell populations.

S ien e, 194:23, 1976.

[91℄ M. S alerandi , A. Romano , P. P. Delsanto e C. A. Condat. Nutrient ompetition as a determinant for an er growth.

Phys. Rev. E, 59:2206, 1998.

[92℄ J. Folkman. The vas ularization of tumors.

S ienti Ameri an, 234:58, 1976.

[93℄ D. H. Zhu, S. P. Lennon, M. H. Peters, W. C. Finney e M. Singh M. Brownian diusion and surfa e kineti s of liposome and viral parti le uptake by human lung an er ells in-vitro.

Annals of Biomedi al Engineering, 34:1573, 2006.

[94℄ S. S. Cross, A. J. G. M Donagh, T. J. Stephenson, D. W. K. Cotton e J. C. E. Underwood. skin-lesions.

Fra tal and integer-dimensional geometri analysis of pigmented

Am. J. Dermatopathol., 17:374, 1995.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

79

[95℄ D. A. Rew e G. D. Wilson. Cell produ tion rates in human tissues and tumours and their signi an e. part II: lini al data.

Eur. J. Surg. On ol., 26:405, 2000.

[96℄ J. F. Fowler. The phantom of tumor treatment - ontinually rapid proliferation unmasked.

Radiotherapy and On ology, 22:156, 1991.

[97℄ M. J. V. Vaha-Koskela, J. P. Kallio, L. C. Jansson, J. E. Heikkila, V. A. Zakhart henko, M. A. Kallajoki, V. M. Kahari e A. E. Hinkkanen. On olyti apa ity of attenuated repli ative semliki forest virus in human melanoma xenografts in severe ombined immunode ient mi e.

Can er Res., 66:7185, 2006.

[98℄ M. Green e G. E. Daes h. Bio hemi al studies on adenovirus multipli ation II. kineti s of nu lei a id and protein synthesis in suspension ultures.

Virology,

13:169, 1961. [99℄ P. K. Burgess , P. M. Kulesa , J. D. Murray e E. C. Alvord. The intera tion of growth rates and diusion oe ients in a three-dimensional mathemati al model of gliomas.

J. of Neuropath. and Exp. Neurology, 56:704, 1997.

[100℄ K. W. Peng, E. M. Hada , B. D. Anderson, R. Myers, M. Harvey, S. M. Greiner, D. Soeker, M. J. Federspiel e S. J. Russell. Pharma okineti s of on olyti measles virotherapy: eventual equilibrium between virus and tumor in an ovarian an er xenograft model.

Can er Gene Therapy, 13:732, 2006.

[101℄ W. H. Press , B. P. Flannery , S. A. Teukolsky e W. T. Vetterling.

Re ipes in Fortran 77: The Art of S ienti Computing. Press, Cambridge, 1992.

Numeri al

Cambridge University